schema:text
| - “A sua Comissão Política tem 59 nomes e só lá estão seis mulheres. A Direção tem oito pessoas, escolhidas por si, zero mulheres. Não gosta de mulheres?”
Foi desta forma que o jornalista Miguel Sousa Tavares, editor do “Jornal das 8” da TVI (edições de segunda-feira), confrontou Francisco Rodrigues dos Santos com a escassez de representatividade do sexo feminino nos principais órgãos nacionais do CDS-PP, na sequência do 28º Congresso do partido que se realizou no passado fim-de-semana, em Aveiro.
“Eu procurei, nas curtas horas que tive para elaborar as listas, endereçar diversos convites, a homens e mulheres. O critério que usei foi o critério de mérito e de perfil que se adequasse à função que eu decidi endossar para cada um dos convidados. Acontece que nuns casos as propostas foram aceites, noutros foram declinadas. O que eu sinto é que ficaria muito mais preocupado se me dissessem que esta equipa do CDS não tinha qualidade”, respondeu Rodrigues dos Santos.
É verdade que a nova Direção do CDS-PP tem “zero mulheres”?
De facto, além do presidente Rodrigues dos Santos, a nova Direção do CDS-PP é formada por sete vice-presidentes, todos homens: Filipe Lobo d’Ávila, Miguel Barbosa, Artur Lima, António Carlos Monteiro, Francisco Laplaine Guimarães, Paulo Jorge Duarte e Sílvio Cervan.
O mesmo se aplica ao novo secretário-geral Francisco Carvalhão Tavares e ao novo coordenador autárquico Fernando Barbosa. Importa salientar que, na anterior Direção do CDS-PP, além da presidente Assunção Cristas, contava-se mais uma mulher como vice-presidente: Cecília Meireles.
Na resposta a Sousa Tavares, o novo líder do CDS-PP argumentou que os vogais da Comissão Executiva também fazem parte da Direção do partido e que “há uma mulher” que é vogal: Maria Campos.
Em comparação, na anterior Comissão Executiva verificava-se uma representação totalmente paritária entre ambos os sexos ao nível dos vogais: quatro homens e quatro mulheres.
Nos Estatutos do CDS-PP encontramos uma definição formal mais ampla da Direção do partido, abrangendo a Comissão Política Nacional que “é o órgão de direção política do partido”, além da Comissão Executiva que “é o órgão executivo permanente do partido”.
Não obstante, Sousa Tavares referia-se ao núcleo mais restrito de Direção do partido, constituído pelo presidente e vice-presidentes. Tendo em conta que a denominada “Direção” não corresponde a um orgão formal do partido, optamos por um prisma de análise consonante com o sentido (mais restrito) da questão colocada pelo jornalista.
Rodrigues dos Santos apresentou a moção mais votada na madrugada de sábado, tendo por isso sido escolhido como novo presidente do CDS-PP. No domingo, a lista do novo líder (já sem oposição) obteve 865 votos, o que corresponde a 65,7% do total, registando-se também 451 votos em branco.
Avaliação do Polígrafo:
|