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| - Marketing político ou impacto real? Fernando Medina foi ontem à noite, em Grande Entrevista à RTP3, questionado sobre o porquê de o Governo onde é ministro das Finanças ter avançado com uma medida pouco significativa na carteira dos portugueses e que, aliás, já deu maus resultados em Espanha. Na resposta, Medina garantiu estar a fazer diferente: “Este acordo engloba o setor da produção. Há uma contribuição financeira importante do Estado.”
Além disso, referiu, até hoje “não havia condições” para este acordo com a distribuição e com a produção. Se assim fosse, como em Espanha, havia “uma consequência e um risco real”. Agora, naquilo a que chama “um quadro novo”, o Governo terá verificado “uma real e genuína vontade de chegar a acordo”. Acordo esse que permite, precisou o ministro das Finanças, uma poupança que reverterá para uma família num cabaz de 200 euros, por mês, no valor de 12 euros.
As contas são distintas – e até positivas para o Executivo de António Costa -, já que têm por base um cabaz exclusivamente composto pelos 44 produtos que constam na lista do Governo com IVA zero e que assim ficarão durante seis meses. De facto, se se dirigir a um supermercado assim que a medida estiver aplicada e adquirir 200 euros destes produtos, a poupança será de 11,32 euros (200/1,06). Terá, assim, que pagar 188,68 euros, ao invés dos 200 iniciais.
Apesar disso, e se tivermos em conta os cálculos ao cabaz mensal de 63 produtos monitorizado pela Deco/Proteste (que inclui 41 produtos dos 44 listados pelo Governo), a poupança não chega aos 8 euros. As contas feitas pela DECO e divulgadas aos meios de comunicação social esta terça-feira, 28 de março, têm por base o preço, na última quarta-feira (22 de março), de um cabaz de bens alimentares essenciais (226,15 euros). Ainda sem medidas do Governo, esta era já uma descida de 8,70 euros (menos 3,70%) face ao preço registado a 15 de março, “quando o cabaz monitorizado pela DECO Proteste atingiu o valor recorde de 234,84 euros”.
Ainda assim, nota a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, “o cabaz alimentar está 23,16% acima dos 183,63 euros que custava a 23 de fevereiro de 2022, véspera do início da guerra na Ucrânia, e 17,61% mais caro em comparação com o período homólogo, quando custava 192,28 euros”.
Quanto ao IVA, os 41 produtos do Governo incluídos no cabaz da DECO, na semana passada, “custariam cerca de 139,73 euros e, com o IVA a zero, custarão 131,82 euros”, avançou Rita Rodrigues, diretora de Comunicação da DECO, à TVI. Contas feitas, nestes 41 produtos o consumidor terá uma poupança de 7,91 euros, que poderá ser tanto maior quantos mais produtos da lista de 44 do Governo o comprador adquirir.
Em suma, e apesar de certeiras, as contas de Fernando Medina têm um “senão“: para chegarmos à poupança de 12 euros, teríamos que adquirir 200 euros apenas em produtos visados na lista do Governo. Se adquirir o cabaz “normal”, monitorizado pela DECO e que contém outros alimentos, deverá poupar entre 7 a 8 euros.
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Avaliação do Polígrafo:
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