| schema:text
| - “O giro das autárquicas é que revela o partido real. O Iniciativa Liberal apresenta candidatos a capitais de distrito que fazem apologia do salazarismo”, destaca-se num dos tweets, remetendo para outro em que se lê o seguinte: “Digo aqui que retiro tudo o que disse sobre não barrar o Iniciativa Liberal nas comemorações oficiais organizadas pela grande Associação 25 de Abril”.
Nesta sequência de tweets são exibidas imagens de publicações da autoria de Bernardete Santos, candidata do partido Iniciativa Liberal à presidência da Assembleia Municipal de Viseu nas próximas eleições autárquicas, em que enaltece o legado histórico do regime salazarista e critica o que entende ser o presente “regime socialista”.
“Tanta crítica, tanta crítica… Mas o homem tinha razão. Parece que adivinhava que tempos de regime socialista viriam desgraçar o nosso país”, escreveu Bernardete Santos numa dessas publicações, mostrando uma imagem de António de Oliveira Salazar associada a uma suposta citação do mesmo: “Vivo humildemente porque vivo à custa do meu salário, também de outra forma nunca poderia ser! Mas, se Portugal não tiver atenção, virão tempos em que outros viverão à grande e gastarão como ricos”.
Noutro exemplo, a candidata do Iniciativa Liberal recorda o programa televisivo “Os Grandes Portugueses”, exibido entre 2006 e 2007 na RTP, no âmbito do qual Salazar foi eleito pelos telespectadores (41% dos votos) como o “Grande Português“, superando Álvaro Cunhal (19,1%), Aristides de Sousa Mendes (13%), D. Afonso Henriques (12,4%), entre outros.
Bernardete Santos enaltece a conquista (póstuma) de Salazar, aplaudindo o resultado de tal votação.
Questionada pelo Polígrafo, Bernardete Santos confirma a autenticidade das publicações, embora negue ser apologista ou defensora do salazarismo. “Sem quaisquer subterfúgios, repudio as acusações de que sou apologista de ditaduras ou defensora do regime de Salazar. Acredito no pluralismo democrático pleno, na participação universal dos eleitores na vida total da sociedade e sou e sempre serei contra regimes autocráticos e ditatoriais, independentemente de quando e onde ocorram, sejam eles de direita ou de esquerda”, garante.
“Na minha ingenuidade de então, posso não ter sido bem sucedida na comunicação da mensagem: o que me preocupa é que tantos portugueses vejam numa figura autoritária e repressiva uma das personalidades mais importantes do século XX. É um sintoma da descrença na democracia, para o qual quero ser parte ativa na reversão”, argumenta.
“Vivemos num mundo em que se permite que 50 anos de uma vida cheia de atividade académica, civil, social e familiar sejam reduzidos a publicações numa rede social pessoal, cujo significado foi deturpado de forma a dar a percepção errada do que são as minhas convicções políticas. (…) Desta vez fui eu, um dia poderá ser qualquer outra pessoa. Bem intencionada no conteúdo, mas infeliz na forma e incompreendida muito depois da mensagem. Ninguém está livre de julgamentos anónimos, sem contraditório”, lamenta.
Por outro lado, Bernardete Santos anuncia na resposta ao Polígrafo que “no seguimento das ocorrências recentes”, considera que não tem “condições para manter a disponibilidade para a prossecução da candidatura” à Assembleia Municipal de Viseu.
O Polígrafo também contactou o Iniciativa Liberal, tendo o partido remetido para um comunicado do Núcleo Territorial de Viseu divulgado nas redes sociais, com data de 22 de abril.
“O Núcleo Territorial do Iniciativa Liberal de Viseu informa que suspendeu a apresentação das suas listas candidatas às eleições para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal de Viseu. O Núcleo irá reunir com os seus membros com o firme objetivo de tomar as decisões necessárias à apresentação de um projeto liberal e mobilizador para Viseu, encabeçado pelas pessoas mais capazes para o executar. (…) As listas finais do Iniciativa Liberal às eleições autárquicas em Viseu serão divulgadas após submissão à Comissão Executiva e ao Conselho Nacional”, lê-se no texto.
Na resposta ao Polígrafo, fonte oficial do Iniciativa Liberal sublinha que “nem a Comissão Executiva nem o Conselho Nacional analisaram ou aprovaram qualquer candidatura de Viseu“.
Candidato à Câmara Municipal de Viseu também foi visado
Além de Bernardete Santos, a vaga de tweets atingiu igualmente Fernando Figueiredo, candidato do Iniciativa Liberal à presidência da Câmara Municipal de Viseu. Em destaque aparece um post de 20 de abril de 2020 no qual criticou “as mal fodidas das fascistas feministas de género e as sindicalistas encartadas do Bloco de Esquerda”.
Noutro tweet é acusado de ter “posições extremamente misóginas e transfóbicas“, com exemplos de outras publicações em que se insurge novamente contra as feministas e as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais (LGBTI), neste último caso por causa de uma prova desportiva.
Contactado pelo Polígrafo, Figueiredo apresenta a sua explicação: “Ainda que possam ser lidas como um excesso de linguagem são proferidas num contexto restrito, de âmbito local de pessoas que conheço e me conhecem que dizendo-se feministas são as primeiras a desferir um ataque feroz a outras mulheres suas colegas. Não tem nem nunca pretendeu ter o âmbito que lhe atribuem”.
“Quanto à colagem que queiram fazer à ideologia liberal, isso é o mesmo que pretender que a beira da estrada e a estrada da Beira são a mesma coisa. O meu objetivo ao aceitar o desafio do Iniciativa Liberal é dar o meu melhor pelo concelho de Viseu. O resto é ruído próprio da rede”, conclui.
___________________________________
Avaliação do Polígrafo:
|
![[RDF Data]](/fct/images/sw-rdf-blue.png)
![[cxml]](/fct/images/cxml_doc.png)
![[csv]](/fct/images/csv_doc.png)
![[text]](/fct/images/ntriples_doc.png)
![[turtle]](/fct/images/n3turtle_doc.png)
![[ld+json]](/fct/images/jsonld_doc.png)
![[rdf+json]](/fct/images/json_doc.png)
![[rdf+xml]](/fct/images/xml_doc.png)
![[atom+xml]](/fct/images/atom_doc.png)
![[html]](/fct/images/html_doc.png)