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| - O que estão compartilhando: vídeo em que uma mulher diz ser “muito estranho” que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esteja “descartando 195 mil urnas” e que a decisão teria sido tomada “depois das denúncias de Mike Benz”. Ela refere-se à declaração de um ex-funcionário do Departamento de Estado Americano, que disse que teria havido interferência do governo de Joe Biden nas eleições brasileiras de 2022.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A determinação para o descarte mencionado no boato foi assinada em 2023, mais de um ano antes das declarações de Mike Benz. A Justiça Eleitoral diz que as urnas eletrônicas são usadas por cerca de dez anos. O Estadão Verifica encontrou cinco contratos de descarte desde 2009.
Mike Benz não apresentou qualquer prova de interferência eleitoral no Brasil. As declarações dele motivaram a publicação nas redes sociais de uma série de postagens infundadas, que foram desmentidas pelo Estadão Verifica. Clique aqui para conferir tudo o que já checamos sobre o assunto.
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Descarte de 195 mil urnas foi firmado em 2023
O vídeo checado cita o descarte de 195 mil urnas eletrônicas, modelo 2009, pela Justiça Eleitoral. Os equipamentos foram recolhidos e transportados para a empresa NGB Recuperação e Comércio de Metais, localizada em Guarulhos (SP). As urnas serão desmontadas e suas partes, recicladas. A medida foi divulgada no portal da Justiça Eleitoral (leia aqui).
Ao contrário do que diz o boato, a medida não é deste ano. O contrato com a empresa foi firmado em 2023 e publicado no Diário Oficial da União, em 22 de dezembro (acesse aqui). As informações estão disponíveis no portal de transparência de licitações e contratos do TSE (acesse aqui).
Urnas já foram descartadas outras vezes
Não é a primeira vez que urnas eletrônicas são descartadas. O TSE informa que os aparelhos têm vida útil de cerca de dez anos. Após o período, uma licitação é aberta para encontrar empresas interessadas no descarte adequado. As peças devem ser desmontadas, picadas e destinadas para a reciclagem.
No caso dos primeiros aparelhos utilizados pela Justiça Eleitoral, por exemplo, os cabos foram reutilizados na produção de correias de sandálias, e as espumas das caixas das urnas, para confecção de pufes.
O Estadão Verifica consultou o portal de licitações e contratos do TSE (aqui e aqui) para confirmar que urnas eletrônicas foram descartadas anteriormente. Foi possível encontrar contratos em 2009 (para urnas modelo 1996), 2012 (modelos 2000 e 2002), 2018 (modelos 2004 e 1996), 2021 (modelos 2006 e 2008) e 2023 (modelos 2009).
Declaração infundada de ex-funcionário gerou onda de desinformação
Mike Benz declarou que a atuação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) no combate à desinformação teria resultado na censura de figuras populistas de direita ao redor do mundo. Ele ainda disse que isso seria uma intervenção na tentativa de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As alegações de Benz são infundadas e ele não apresentou provas de suas acusações. Apesar disso, suas palavras levaram a uma onda de desinformação com acusações de ingerência e fraude no processo eleitoral brasileiro.
Como lidar com este conteúdo: desconfie de mensagens com teor conspiracionista como “isso está muito mal explicado” ou “achei isso muito estranho”. Elas passam a ideia de que o que está sendo dito vai revelar algo que estava escondido. Na verdade, muitas informações ligadas à administração pública são de acesso a qualquer cidadão.
O boato ainda se contradiz ao falar que “você não ouve nada disso na mídia”, mas traz uma reprodução da revista Veja (leia aqui) -- uma das principais publicações da mídia profissional. Fique atento: a reprodução de manchetes jornalísticas pode ser tirada de contexto. Por isso, é importante consultar a reportagem completa no portal do veículo de comunicação para saber todos os detalhes de uma notícia.
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