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| - Na última sessão de avaliação da situação epidemiológica, a 27 de julho, o presidente da Assembleia da República pediu a “divulgação abundante” dos casos não vacinados que resultaram em óbito, na reincidência ou em internamento. Sublinhou, igualmente, a importância do certificado de vacinação, sobretudo, no acesso à cultura, à restauração e ao comércio, ainda com restrições especiais para os cidadãos não vacinados, onde Ferro Rodrigues inclui “25% dos jovens” que se mantêm reticentes à toma da vacina.
“As pessoas não têm a noção do esforço e da capacidade de organização, que era algo impensável há alguns meses atrás, que pudesse dar-se em Portugal. E o esforço enorme de enfermeiros, de médicos, de auxiliares, que o senhor Vice-Almirante salientou aqui. E portanto é necessário que essa certificação valha a diferença neste período de transição para um conjunto de possibilidades que as pessoas têm porque se vacinaram e que não têm aquela atitude que 25% dos mais jovens ainda parecem ter”.
Este número está correto?
Tendo em conta os resultados de mais de 1400 inquéritos, na última quinzena de julho (de 10 a 26), o “Barómetro COVID-19: Opinião Social” sublinha os jovens (na faixa etária dos 16 -25 anos) como o segundo grupo com a maior aceitação em relação à vacina, apresentando um total de 85, 7% das respostas positivas à toma da mesma. Assim, e segundo o documento apresentado em Assembleia, sobram apenas 14,2% de população jovem com indecisão ou descrença relativamente à toma da vacina. Nesta faixa etária, as reticências quanto à vacina dividem-se de forma igual entre a falta de informação (50%) e o receio quanto a efeitos secundários (50%).
De acordo com a professora e investigadora Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, responsável pela apresentação destes resultados na sessão, é óbvia a reticência à toma da vacina “na população em idade ativa (26-65)“, e não necessariamente nos jovens, como inferiu Ferro Rodrigues.
De facto, ainda que na faixa etária dos 26 aos 45 anos a indecisão quanto à toma da vacinação pese quase tanto como a descrença, o número de resposta negativas em relação à sua toma ultrapassa os 25% (25,3%), sendo que 14,5% destes refere não querer ser vacinado e 10,6% mantêm-se indecisos.
Os valores são semelhantes no grupo dos 46 aos 65 anos, contudo, nesta faixa etária, os valores têm um maior contraste, com 19,9% a escolher não se vacinar e 5.9% ainda indecisos.
Os motivos para o receio também diferem, especialmente na população com idade ativa – grande parte dos inquiridos na faixa etária 26-45 indicaram a falta de informação e o receio de desenvolver efeitos secundários (65,1% e 55,8%, respetivamente) como as principais razões para a sua incerteza, enquanto que na faixa etária seguinte, 51,4% das respostas indicaram a descrença na eficácia da vacina.
Conclui-se, assim, que o número apresentado por Ferro Rodrigues como dizendo respeito à parte da população mais jovem resistente à vacina é falso. Como vimos, e de acordo com o Barómetro Covid-19 e com os dados onde assenta a afirmação do presidente da Assembleia da República, a faixa etária com a população mais jovem (16-25 anos) apresenta um total de 14,2% de resposta negativas quanto à toma da vacina.
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Avaliação do Polígrafo:
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