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  • Quando já estava prestes a sair da Casa Branca, após as eleições presidenciais que deram a vitória a Donald Trump, o Presidente norte-americano Joe Biden anunciou que iria conceder um indulto ao filho, Hunter Biden. “Espero que os americanos compreendam porque um pai e um presidente chegam a esta decisão”, afirmava na nota do indulto “total e incondicional”, publicada em dezembro do ano passado. O perdão foi anunciado antes de Hunter conhecer a sentença, ao ter sido considerado culpado por mentir sobre o consumo de drogas no processo de compra de uma arma e por crimes fiscais. Biden chegou a dizer por várias vezes que não iria interferir no caso, mas numa mudança de posição após as eleições destacou que via o filho “a ser processado de maneira seletiva e injusta” depois de os seus opositores políticos no Congresso “pressionarem a investigação” como forma de o “atacar”: “Fica claro que Hunter foi tratado de forma diferente.” Na sequência do indulto, começaram a circular nas redes sociais várias publicações em que se lia que Joe Biden não foi o único Presidente da história norte-americana a perdoar membros da família. Mencionavam especificamente os casos de Jimmy Carter e George H.W. Bush. “Jimmy Carter perdoou o irmão, Billy Carter, que ficou com 200 mil dólares da Líbia como agente estrangeiro. George H.W. Bush perdoou o filho, Neil Bush, pelo papel nos escândalos S&L de 1980. Ninguém pensa que esses perdões definiram essas presidências”, lê-se em várias publicações no Facebook, que também fazem referência a um perdão de Donald Trump ao pai do seu genro, Charles Kushner. Mas será tudo isto verdade? Jimmy Carter, que morreu no final do ano passado, aos 100 anos, foi o 39.º Presidente dos EUA, entre 1977 e 1981. Durante a sua presidência, concedeu indultos a centenas de pessoas, como se pode ver na lista de perdões que está disponível numa página do Departamento da Justiça norte-americana. Não há qualquer referência a um perdão ao irmão, Billy Carter, de nome completo William Alton Carter. De notar que em 1980 uma investigação do senado norte-americano concluiu que Billy Carter recebeu 220 mil dólares do governo libanês entre 1978 e 1979. No entanto, como refere a Associated Press, não se provou que essas ligações tivessem influenciado a administração Carter. Já George H.W. Bush, o 41.º Presidente dos EUA, que governou entre 1989 e 1993, perdoou várias dezenas de cidadãos, punidos por variados crimes, desde burlas à apresentação de declarações falsas. Na respetiva página do Departamento de Justiça também não consta um perdão a Neil Mallon Bush. A alegação que circulou nas redes sociais está relacionada com um processo que Neil enfrentou em 1990 pelo colapso do Silverado Banking, Savings & Loan. Chegou a acordo e concordou pagar 26,5 milhões de dólares à Federal Deposit Insurance Corporation, a agência de garantia dos depósitos bancários. É raro um Presidente norte-americano perdoar familiares. O primeiro caso, como o Observador explicava neste especial, aconteceu a 20 de janeiro de 2001, no último dia de Bill Clinton na Casa Branca. O democrata assinou uma série de indultos, entre os quais se encontrava o seu meio-irmão. Roger Clinton foi condenado por posse e venda de cocaína a um polícia infiltrado em 1985, crime pelo qual cumpriu um ano de prisão. O segundo caso foi em dezembro de 2020, quando Donald Trump perdoou Charles Kushner, sogro da sua filha Ivanka Trump, por crimes de evasão fiscal e retaliação contra testemunhas. Conclusão É verdade que Bill Clinton e Donald Trump concederam indultos a pessoas do seu círculo pessoal e/ou familiar mais próximo. Mas é falso que, durante a sua passagem na Casa Branca, Jimmy Carter tenha concedido um indulto ao irmão ou que George H.W. Bush tenha perdoado o filho, como mostram os registos do Departamento de Justiça norte-americano. ENGANADOR No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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