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| - A letra é consideravelmente diferente, a sonoridade também e a interpretação vocal de Robert Plant não poderia estar mais distante da de Jake Holmes. Contudo, os acordes de arranque da canção mantêm-se muito semelhantes ao original, assim como todo o ambiente sonoro. E isso é indisfarçável. Também é evidente que o género musical é distinto. O registo mais folk de Holmes dá lugar à personalidade singular dos Led Zeppelin, com uma intensidade vocal e musical que foi – a par com os Black Sabbath e Deep Purple – um dos pilares fundadores do que viria a designar-se heavy metal.
Jake Holmes nunca digeriu muito bem esta apropriação de Page e dos Zeppelin e relatou a sua versão da história no livro “Lost Rockers”, assinado pelo jornalista especializado em musica Steven Blush, e no documentário com o mesmo título. O livro conta as histórias de 20 artistas do mundo da música que tinham tudo para se tornarem estrelas mas não conseguiram dar o passo definitivo para a fama. É neste contexto que Holmes confessa sentir-se «roubado». O jornal “Huffington Post”, num artigo de 2016 sobre o lançamento do livro de Blush, mostra a capa do single promocional de “Dazed and Confused”, de Jake Holmes, datado de 1967, e é categórico: “a canção que os Led Zeppelin roubaram”.
Jake Holmes também não tem dúvidas e no trailer oficial do documentário “Lost Rockers” (aos 10:17), disponível no website do filme, sustenta a legenda do “Huffignton Post”. O relato é elucidativo: “Estávamos a tocar no mesmo espaço que os Yardbirds [a banda de Jimmy Page, antes dos Led Zeppelin]. Tocámos [“Dazed and Confused”] e mandámos tudo abaixo com a canção. Foi então que Jimmy Page nos deu atenção. Pelo que percebi, através dos Yardbirds, mandou alguém comprar o meu álbum. Ele fez um trabalho tremendo mas não tenho dúvidas de que me roubou”.
Os Yardbirds tocaram várias vezes o tema ao vivo mas seriam os Led Zeppelin a gravá-lo – regravá-lo? – no seu disco de estreia, “Led Zeppelin”, em 1969.
A “inspiração” – este conceito acabará por tornar-se relevante nesta história. Mas já lá vamos… – de Page é óbvia aos primeiros acordes, na linha de baixo dos Zeppelin, no ambiente sombrio que atravessa toda a canção e no universo paranóico da letra – Holmes escreveu a sua versão da canção sobre uma trip de LSD.
Mas a transformação que Page operou no tema foi tão longe – mudou substancialmente a estrutura sonora e a letra – que os Zeppelin nunca se sentiram obrigados a atribuir a autoria a Holmes, chamando a si todos os créditos da canção, que se tornaria um dos seus (inúmeros) temas mais populares.
Jake Holmes manteve-se em silêncio mas acabaria por abordar o tema com Jimmy Page, anos mais tarde, não chegando a qualquer entendimento. É assim que Page e os Led Zeppelin acabam por perceber, pela via mais dura, que as alterações à melodia e à letra que fizeram não foram suficientes para evitar um processo judicial. A disputa em Tribunal começou em 2010 e o entendimento chegaria dois anos mais tarde. “Dazed and Confused” passou a ter a seguinte assinatura: “Jimmy Page, inspirado por Jake Holmes”.
Avaliação do Polígrafo:
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