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| - São distorcidas postagens que circulam nas redes sociais relacionando a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o governo Lula (PT) a uma suposta compra superfaturada de testes de covid-19. O ministério é de fato investigado por esse motivo, mas por um contrato firmado com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em dezembro de 2022, no fim do governo Bolsonaro (PL). Nessa época, quem estava à frente da pasta era Marcelo Queiroga.
O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
O que diz o post:
"Bomba! Ministério da Saúde comprou testes a quase 700% do preço original! Prejuízo chega a R$ 400 milhões", afirma o texto da postagem.
A imagem é uma montagem com o personagem Zé Gotinha e a logomarca do SUS e a atual ministra da Saúde, Nísia Trindade, no meio.
"Absurdo! Ministério da Saúde comprou testes com sobrepreço de 700%", afirma outra postagem sobre o mesmo assunto. Nela, o Zé Gotinha é substituído por uma imagem de Nísia de mãos dadas com o presidente Lula.
"URGENTE: MINISTRA DA SAÚDE DO LULA SUPERFATURAVA PREÇOS! A atual ministra da Saúde do governo Lula, Nísia Trindade, comprou testes de covid-19 com sobrepreços que chegaram até 8 vezes o valor de mercado", diz a legenda da postagem.
Por que é distorcido?
Suspeita de compra superfaturada de testes rápidos de covid não se deu no governo Lula, mas na gestão Bolsonaro. O caso está no Tribunal de Contas da União (TCU), que ordenou a suspensão do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Fiocruz e o Ministério da Saúde (aqui).
Nísia Trindade não comprou testes superfaturados. Ela não era ministra da Saúde, mas presidente da Fiocruz. O contrato com a Fiocruz foi assinado em 21/12/2022, no apagar das luzes do governo Bolsonaro, quando Marcelo Queiroga estava à frente da pasta da Saúde. Antes de firmar contrato, o ministério cancelou a licitação que havia sido feita para o fornecimento dos testes (aqui).
TCU questiona contratação superior em 679%. Essa é a diferença entre o valor acordado com a Fiocruz, de R$ 19,40, e a primeira colocada na fase de lances do pregão, R$ 2,49. Apurações do tribunal indicam que o prejuízo pode chegar a cerca de R$ 400 milhões (aqui).
Ministério julga incorreto analisar o preço estipulado por teste de forma isolada e nega prejuízo aos cofres públicos. O acordo não previa apenas o fornecimento de testes, mas assessoria técnico-científica, serviço de atendimento ao consumidor, capacitação de profissionais de saúde, operações logísticas, desenvolvimento tecnológico e da capacidade de resposta na vigilância em saúde para a covid-19, afirmou a assessoria da pasta por meio de nota (aqui).
O fornecimento dos testes está suspenso por decisão do ministro Vital do Rêgo, do TCU, desde março de 2023. Em 2022, a Fiocruz entregou cerca de 14 milhões de testes à Saúde.
A licitação foi inviabilizada em 2022. O ministério afirma que os concorrentes não atenderam às exigências técnicas e foram desclassificados.
Viralização: No X, uma postagem teve 22.600 visualizações e 2 mil curtidas até sexta-feira (9). No Instagram, outros posts somavam mais de 11 mil curtidas na mesma data.
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