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  • Os presidenciáveis têm maquiado informações sobre as próprias biografias nesta pré-campanha. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi convidado para todas as reuniões do G8 quando era presidente, como afirma. A Folha de S.Paulo não publicou que Jair Bolsonaro (PL) tem mansão de R$ 10 milhões, como repete o presidente, e Ciro Gomes (PDT) não foi o prefeito mais jovem de Fortaleza. Tampouco é real que André Janones (Avante) nunca se absteve em votações na Câmara e que Simone Tebet (MDB) ajudou a aprovar a Lei do Feminicídio no Senado. Confira abaixo, em detalhes, algumas informações equivocadas que os presidenciáveis com ao menos 2% de intenções de voto na última pesquisa do Ipespe dizem sobre eles próprios: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “Eu fui o único presidente do Brasil que fui convidado oito vezes para o encontro do G8” — em discurso em Brasília (12.jul.2022) Não é verdade que Lula foi convidado oito vezes para o encontro do G8: em 2004 e 2010, o então presidente brasileiro não participou da cúpula. O grupo reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido — a Rússia foi afastada em 2014, após a anexação da Crimeia, região que antes pertencia à Ucrânia. A primeira participação de Lula ocorreu na França em 2003, primeiro ano de sua gestão. Na ocasião, o então presidente defendeu o fortalecimento de relações entre países menos desenvolvidos. No ano seguinte, Lula não foi convidado e criticou o grupo por isso. O presidente voltou a participar da cúpula em 2005 e também esteve presente nos quatro anos seguintes. No último ano de mandato, 2010, Lula não foi ao evento novamente: os únicos países da América Latina e do Caribe convidados foram Colômbia, Haiti e Jamaica. Jair Bolsonaro (PL) “Conhece minha mansão lá [na Vila Histórica de Mambucaba]? Conhece minha casa lá? Quanto vale aquela casa lá? A Folha falou que valia 10 milhões, que que tu acha?” — em conversa com apoiadores (22.jul.2022) Bolsonaro retoma uma desinformação que começou a disseminar em 2019 sobre uma suposta reportagem da Folha de S.Paulo que teria inflado o valor de sua propriedade na vila histórica de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ). De acordo com ele, o jornal teria dito que a casa valeria R$ 10 milhões, o que é falso: o Aos Fatos não encontrou registros de textos da Folha de S.Paulo em que conste a informação de que aquele imóvel teria esse valor. Em janeiro de 2018, o jornal identificou em cartórios 13 imóveis de Bolsonaro e seus filhos, que juntos teriam valor estimado de R$ 15 milhões. Um terreno em Angra dos Reis estaria entre eles. Dias depois, o então deputado federal publicou um vídeo no qual dizia que “segundo a Folha de S.Paulo, eu tenho uma mansão [em Angra]”, mas a reportagem não tem essa afirmação. A declaração de bens de Bolsonaro ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2018 diz que o valor da casa na vila de Mambucaba era de R$ 98.500. Ciro Gomes (PDT) “No meu Ceará, eu tive a honra de ser o prefeito mais jovem da capital” — em discurso na convenção nacional do PDT (20.jul.2022) Não é verdade que Ciro Gomes (PDT) foi o prefeito mais jovem de Fortaleza. O político assumiu a gestão da capital cearense no dia 1º de janeiro de 1989, quando tinha 31 anos de idade. Paulo Cabral de Araújo (1922–2009), prefeito da cidade entre 1951 e 1955, assumiu o posto aos 28 anos de idade. Ele foi eleito com 20.777 votos pela UDN (União Democrática Nacional). Simone Tebet (MDB) "Fomos nós, da bancada feminina, que votamos em 2015 a Lei do Feminicídio" — em entrevista ao Central das Eleições, da GloboNews (25.jul.2022) A senadora Simone Tebet (MDB-MS) não fez parte da votação do projeto que deu origem à lei 13.104/2015, conhecida como Lei do Feminicídio. O Senado aprovou o projeto em dezembro de 2014, mas Simone Tebet assumiu o cargo de senadora somente no ano seguinte. A aprovação na Câmara dos Deputados ocorreu em março de 2015, e não foi preciso devolver a proposta para o Senado. A norma altera o código penal e considera feminicídio o assassinato com origem na violência doméstica ou na discriminação pelo fato de a vítima ser mulher, o que aumenta a pena. A então presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou o texto dias depois da aprovação. A lei era uma demanda das bancadas femininas, e o projeto era originário da CPI Mista da Violência contra a Mulher, que apresentou o relatório final em junho de 2013. Na época, Simone Tebet era vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Enquanto senadora, ela presidiu a Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher do Congresso Nacional. André Janones (Avante) “Normalmente eu voto por boas opções para o povo brasileiro. Mas eu tinha uma terceira opção, que era me abster, coisa que eu jamais fiz e jamais farei” — em entrevista ao podcast O Assunto, do G1 (11.jul.2022) André Janones (Avante) engana ao afirmar que nunca se absteve em votações na Câmara dos Deputados. Desde que assumiu o mandato, em 2019, o candidato contabiliza 18 abstenções. A primeira ocorreu em setembro daquele ano, na votação do Projeto de Lei 2.999/2019 sobre a antecipação do pagamento dos honorários periciais do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em 2020, Janones se absteve em outras 11 votações, todas no dia 14 de abril. A maioria era relacionada à Medida Provisória 905/2019, que alterava a legislação trabalhista com o chamado Contrato de Trabalho Verde e Amarelo, destinado a fomentar o emprego de pessoas de 18 a 29 anos. O texto aprovado, por exemplo, previa a redução de encargos trabalhistas para incentivar a criação do primeiro emprego para esse grupo. Em 2021, houve mais cinco abstenções. Algumas das pautas tinham relação com o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), negociação de dívidas de debêntures e licenciamento ambiental. No dia 11 de maio de 2022, Janones se absteve na decisão do requerimento sobre o adiamento da votação da Medida Provisória 1.099/2022, que instituiu o Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário e o Prêmio Portas Abertas. Outro lado. O Aos Fatos entrou em contato com as assessorias de imprensa de todos os candidatos para que pudessem comentar a checagem, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
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