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| - Num post de 19 de outubro, dia em que André Ventura anunciou na sua conta pessoal de Twitter que se ia manifestar contra o aumento do preço dos combustíveis, denuncia-se a incoerência do líder do partido Chega, que em setembro terá votado contra uma iniciativa parlamentar que previa a possibilidade de fixação de margens máximas de comercialização para os combustíveis simples.
“A hipocrisia do populismo. Desde 2019, a margem de lucro das gasolineiras subiu 33%, mas o líder da extrema direita continua a defender o lucro das grandes empresas”, lê-se na publicação em causa, que apresenta recortes das duas posições do deputado.
De facto, esta terça-feira, já depois de o primeiro-ministro ter anunciado que o aumento extraordinário da receita de IVA será devolvido semanalmente através de uma redução do imposto sobre os produtos petrolíferos, André Ventura apelou a que os portugueses se juntassem frente à residência de António Costa, vestidos com coletes amarelos, de forma a mostrar “indignação perante o aumento do preço dos combustíveis e do estado da justiça em Portugal”.
[twitter url=”https://twitter.com/AndreCVentura/status/1450276118582505475/photo/1″/]
O objetivo primário do líder político é, segundo o mesmo, baixar a carga fiscal sobre os combustíveis, mas a verdade é que, tal como o Polígrafo/SIC já verificou, a margem de lucro das distribuidores de combustíveis aumentou exponencialmente durante a pandemia. Só no caso da gasolina, por exemplo, a margem cresceu 33% desde 2019 até junho deste ano.
O que é certo é que, quando a Proposta de Lei n.º 109/XIV/2.ª, que “cria a possibilidade de fixação de margens máximas de comercialização para os combustíveis simples”, foi apresentada pelo Governo e, consequentemente, submetida a votação, a mesma foi aprovada com votos favoráveis do PS, do BE, do PCP, do PAN, do PEV e das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira.
Do outro lado e com votos contra estiveram o CDS, o Chega e o Iniciativa Liberal, tendo os sociais democratas apostado na abstenção. Esta proposta, em vigor desde 7 de outubro deste ano, permitiu ao Governo passar a intervir com a “fixação de margens máximas em todas as componentes das cadeias de valor de gasolina e gasóleo simples e de GPL engarrafado, assegurando a disponibilidade de uma ferramenta para dar resposta adequada e proporcional a eventos de distorção no mercado nos combustíveis essenciais à vida dos consumidores e das empresas”.
Sem acreditar, no entanto, que tabelar os preços dos combustíveis seja útil, é na descida dos impostos que André Ventura aposta, dizendo aos jornalistas, durante a manifestação desta terça-feira, que estes são “astronomicamente elevados” e que “não se pode colocar sobre a classe média trabalhadora um custo brutal que são os combustíveis”.
“O que faz sentido é baixar os impostos sobre os combustíveis em vez de estarmos a criar artimanhas dia após dia. O Governo não baixa [impostos sobre os combustíveis] porque para se dar no IRS alguma coisa dizendo que se está a baixar alguma carga fiscal tinha de se ir buscar a algum lado, e por isso teve de se ir buscar aos combustíveis. É o que está a acontecer neste orçamento, estão a tirar de um lado para compensar o que estão a dar no outro. Baixar um cêntimo por litro é gozar com as pessoas”, reiterou ainda André Ventura.
Em suma, é verdade que o líder do Chega, que votou contra a fixação de margens máximas de comercialização de combustíveis, juntou agora cerca de 100 pessoas numa manifestação frente à residência oficial do primeiro-ministro, com coletes amarelos, para contestar o preço dos combustíveis.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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