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| - Aquele mergulho refrescante que caracterizava os dias de praia é agora uma incógnita para muitos banhistas portugueses. É já um facto que a época balnear de 2020 vai ser diferente das anteriores, dadas as recomendações emitidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS) e pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que têm como objetivo reduzir a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus. No entanto, há ainda muitas dúvidas sobre a forma mais segura de proceder: o distanciamento social é o elemento-chave, mas será que tomar banho na praia ou numa piscina aumenta o risco de transmissão do vírus?
“Não existem estudos científicos específicos para o SARS-CoV-2 em água”, explica ao Polígrafo Cláudio Areias Franco, diretor da Unidade de Morfogénese Vascular e coordenador científico para a divulgação e informação sobre a COVID-19 no Instituto de Medicina Molecular. Os dados que existem atualmente têm em conta estudos feitos sobre outro vírus– incluindo os da família coronavírus, na qual se inclui o SARS-CoV-2 – e indicam que não existem evidências de que o vírus contamine outras pessoas em ambientes aquáticos.
“O efeito de diluição do vírus no meio aquoso fará com que o risco de infeção a terceiros se reduza muito acentuadamente comparativamente ao risco de transmissão por via aérea”, prossegue o investigador. No mar, “sabe-se que a salinidade da água afetará negativamente a viabilidade das partículas virais e que a concentração e infecciosidade das mesmas reduzir-se-á muito rapidamente”, enquanto nas piscinas são os “compostos à base de cloro e/ou bromo”, utilizados para a desinfeção dos espaços, que “eliminam eficazmente o vírus”, tornando-se “pouco provável que uma pessoa possa ser infetada pelas águas da piscina”, esclarece Areias Franco.
“O efeito de diluição do vírus no meio aquoso fará com que o risco de infeção a terceiros se reduza muito acentuadamente comparativamente ao risco de transmissão por via aérea”, diz ao Polígrafo Areias Franco, diretor da Unidade de Morfogénese Vascular e coordenador científico para a divulgação e informação sobre a COVID-19 no Instituto de Medicina Molecular.
No manual de orientações para ocupação e utilização das praias no contexto da pandemia Covid-19 publicado pela APA [LINK3] pode ler-se que, “com base em dados de surtos anteriores de SARS e MERS, os cientistas estimam que há um baixo risco de transmissão do vírus que causa a doença COVID-19 através da água”.
No entanto, “o risco de contaminação através das secreções respiratórias (tosse e espirros) de uma pessoa infetada continua a ser o veículo direto de transmissão, que também acontece nestes espaços, pelo que a utilização das praias não constitui uma exceção ao cumprimento das medidas gerais para a pandemia da doença Covid-19, definidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS)”, alertam. Também Areias Franco reforça que “não se pode excluir que nadar na proximidade de alguém infetado poderá levar a infeção”, devido à “transmissão aérea ou contacto direto” com a pessoa em causa, mesmo que esta seja assintomática.
Entre as medidas de prevenção estipuladas pela APA, está também a monitorização da qualidade da água das zonas balneares que poderá vir a ser reforçada este ano como forma de prevenção. “A monitorização da qualidade da água no âmbito da Diretiva das Águas Balneares permite quantificar indicadores microbianos fecais (Escherichia coli e Enterococos intestinais), que avaliam a contaminação e consequentemente o risco para a saúde pública”, explica a agência governativa, acrescentando que “não há recomendação para se alterar os programas de monitorização da qualidade da água das águas balneares por causa do coronavírus, já que os indicadores referidos são suficientes, podendo haver um reforço de monitorização, nomeadamente nas águas interiores”.
Para quem quiser aproveitar os dias quentes de verão para ir à praia ou à piscina, deverá seguir as recomendações avançadas pela DGS e pela APA para evitar o contágio por SARS-CoV-2: distanciamento físico, limpeza frequente das mãos, etiqueta respiratória, limpeza e higienização dos espaços e utilização de máscara ou viseira (quando tal for obrigatório), continuam a ser os principais pilares contra a propagação do vírus.
Avaliação do Polígrafo:
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