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| - Questionado sobre o que tenciona fazer se o cenário das eleições da Região Autónoma dos Açores se repetir nas próximas eleições legislativas ao nível nacional, Rui Rio garantiu que fará “aquilo que António Costa a todos ensinou“.
“Se conseguir fazer uma maioria parlamentar, é essa maioria parlamentar [que sustentará o Governo]”, afirmou o líder do PSD, na entrevista de ontem à TVI. Os jornalistas recordaram que em 2018 teria defendido o contrário, ao que Rui Rio contrapôs: “Na altura eu também dizia que tínhamos de fazer tudo para tirar o PCP e o BE da esfera do poder. Isso é impossível. Porque António Costa traçou uma linha vermelha e disse que se precisasse do PSD para votar o Orçamento, no dia seguinte acabaria o seu Governo”.
Confirma-se que Rui Rio defendeu em 2018 que o PSD deveria permitir governos minoritários do PS? E agora defende algo contraditório?
De facto, em janeiro de 2018, ao debater com Pedro Santana Lopes no âmbito da disputa pela liderança do PSD, questionado sobre qual seria a posição do PSD em caso de vitória do PS sem maioria absoluta (nas eleições legislativas agendadas para 2019), Rui Rio proferiu a seguinte declaração:
“O PSD deve ser coerente nos ataques que faz a António Costa porque não deixa o doutor Passos Coelho ser primeiro-ministro com o acordo parlamentar que conseguiu, apesar de a coligação ter sido a mais votada. Temos de ser coerentes com o nosso passado. O PSD permitiu governos minoritários do PS. Se amanhã, por acaso, o PSD não ganhar e o PS estiver em minoria, eu prefiro deixar passar o Governo do PS de modo a estar agarrado à Assembleia da República como um todo e não apenas à esquerda“.
Ou seja, é verdade que Rui Rio defendeu em 2018 que o PSD deveria permitir governos minoritários do PS, mas não se trata de uma contradição linear com o que defende agora em 2020, na medida em que, tal como sublinhou ontem, “António Costa traçou uma linha vermelha e disse que se precisasse do PSD para votar o Orçamento, no dia seguinte acabaria o seu Governo”.
Em 2018, Rui Rio pretendia evitar que um Governo minoritário do PS ficasse exclusivamente sustentado pelos partidos “à esquerda”. Em 2020, depois de o primeiro-ministro ter dito em entrevista ao jornal “Expresso” (edição de 29 de agosto) que “no dia em que a subsistência deste Governo depender de um acordo com o PSD, nesse dia este Governo acabou“, o contexto político tornou-se claramente distinto.
Concluindo, a motivação invocada por Rui Rio em 2018 para permitir um Governo minoritário do PS como que deixou de fazer sentido em 2020, perante a separação de águas entre PS e PSD delineada por António Costa. O cenário político mudou.
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Avaliação do Polígrafo:
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