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  • A grave situação de seca em Portugal (severa ou extrema em quase metade do território nacional) está a motivar diversas publicações nas redes sociais. Neste caso que vamos analisar aponta-se para o elevado consumo de água dos campos de golfe, especificamente na região do Algarve. “Para regar 31 campos de golfe no Algarve é necessário um volume de água equivalente ao consumo de uma cidade com 240 mil habitantes – ou seja, cerca de 60% da população residente na região -, indica um estudo universitário. Numa fase em que se agrava a escassez de recursos e 75% do território nacional está em situação de seca extrema”, lê-se no post de 9 de fevereiro no Facebook. E podemos desde já fazer uma correção: presentemente 11,5% do território nacional está em situação de seca extrema, e não 75%, de acordo com os últimos dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que reportam ao final de janeiro de 2022. “O golfe é cada vez mais um negócio imobiliário insustentável ambientalmente”, prossegue, com “cada turista” a consumir, em média, “440 litros de água por dia, números que podem mesmo atingir os 880 litros se contabilizarmos as piscinas e outras comodidades auferidas pelos turistas que praticam golfe”. O autor do post indica também que “a população das localidades próximas do empreendimento consome 250 litros de água” e que “estudos da Universidade do Algarve” referem que o impacto ambiental terá “consequências negativas e de carácter permanente no plano da hidrogeologia e dos recursos hídricos superficiais”, até porque “da área total ocupada pelos campos em funcionamento, 71,7% está sobre sistemas aquíferos“. O Polígrafo consultou os estudos citados e foi conferir se o volume de água consumida permanece a um nível assim tão elevado, ao ponto de equivaler a 60% do consumo de água pela população residente no Algarve. É necessário recuar até 2005 para encontrar sustentação factual dos dados apresentados na publicação em causa. Nesse ano, em setembro, órgãos de comunicação social como o “Jornal de Notícias” a TVI publicaram artigos sobre os gastos hídricos relacionados com este desporto, tendo por base um estudo da Universidade do Algarve, desenvolvido em 2004. Aliás, há frases do post que são inteiramente reproduzidas a partir das notícias da altura, em que se lia: “Para regar os 31 campos de golfe atualmente existentes no Algarve é necessário um volume de água equivalente ao consumo de uma cidade com 240 mil habitantes – ou seja, cerca de 60% da população residente na região -, indica um estudo universitário. Numa fase em que se agrava a escassez de recursos e 75% do território nacional está em situação de seca extrema, os ambientalistas apontam o dedo à dependência excessiva dos empreendimentos em relação a captações subterrâneas, enquanto a associação representativa dos empresários minimiza os gastos e salienta estarem em curso medidas de poupança“. Ora, mais recentemente, em março de 2021, o estudo “Eficiência hídrica nos campos de golfe em Portugal“, financiado pelo Turismo de Portugal, revela que “hoje, na região do Algarve, um campo de golfe de 18 buracos apresenta em média uma área total regada de 36 hectares” e que “cerca de 56% dos campos de golfe no Algarve reduziram as suas áreas de rega, principalmente na zona dos roughs“. Se calcularmos uma média aos hectares de área regada de campos de golfe com menos de, mais de ou exatamente 18 buracos, estamos perante cerda de 33 hectares de área de rega no ano de 2019, menos 1,3 hectares em relação ao ano de inauguração. Apesar de ter subido em relação a 2018, o volume médio de água consumido em 2019 para rega num campo de golfe de 18 buracos no Algarve foi de 10.606 m³/ha. Por sua vez, a média de consumo em 2017, 2018 e 2019 foi de cerca de 10.029 m³/ha. Quanto à origem da água para rega, “o recurso a fontes subterrâneas (furos)” continua a ser a principal escolha, sendo que “existem dois campos que utilizam Água para Reutilização (ApR), 80% do seu consumo total”. Contas feitas, e considerando apenas os campos de golfe com 18 buracos situados na região do Algarve, em 2019 foram gastos 381.816 m³ por cada campo. Se, por outro lado, optarmos por um valor médio de consumo ao nível de todos os campos, verificamos que em 2019 foram gastos sensivelmente 356.982 m³ em cada um dos 41 campos de golfe situados nessa região, segundo informa ao Polígrafo a Federação Portuguesa de Golfe, dos quais sete possuem nove buracos, 30 possuem 18 buracos e apenas quatro possuem mais do que 18 buracos (uma média de 33,6 ha por campo). Ou seja, anualmente, no total, foram gastos aproximadamente 14.636.280 m³ de água para garantir a rega destas áreas. Analisando a distribuição e consumo de água canalizada na região do Algarve em 2019, de acordo com o relatório desse mesmo ano da “Águas do Algarve“, foram vendidos um total de 74.132.668 m³ de água em 2019 em toda a região do Algarve. Em suma, com valores arredondados é possível afirmar que os gastos da rega de campos de golfe no Algarve corresponderam, em 2019, a aproximadamente 19,7% do consumo total de água canalizada na região, e não a 60% como se verificava em 2005. Mais, contactada pelo Polígrafo, a Federação Portuguesa de Golfe afirma que este desporto representa apenas “6,4% do volume total de água captada na Região do Algarve”, tendo por base o estudo “Bases do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve – Volume I“, realizado pela Agência Portuguesa do Ambiente e divulgado em junho de 2020. Segundo este documento, o consumo urbano anual foi de cerca de 80.300.000 m³ em já 2020, sendo que a água destinada exclusivamente ao golfe foi um total de 15.300.000 m³. Contas feitas, a água consumida pelos 41 campos de golfe no Algarve corresponde a 19% do consumo urbano, um valor semelhante àquele calculado pelo Polígrafo para 2019. Segundo a FPG, “o golfe representa cerca de 13% do VAB (Valor Acrescentado Bruto) no Algarve em resultado dos 500 milhões de euros de impacto direto e induzido na região. Já no que diz respeito ao emprego, são cerca de 17.000 postos de trabalho gerados e mantidos graças ao cluster do golfe, sendo que os campos de golfe empregam diretamente cerca de 2.000 pessoas”. “Paralelamente, nos últimos anos foram introduzidas alterações nas áreas relvadas, que visam igualmente reduzir o consumo de água”, indica a Federação, como por exemplo a “redução da área regada”, já que “mais de metade dos campos da Região do Algarve reduziram a sua área total regada e a maioria dos campos de golfe já utiliza de a relvas de clima quente (C4) que se adaptam melhor a temperaturas entre os 25 e os 35 °C, são mais eficientes no uso de água e mais resistentes a condições de défice hídrico”. Concluímos assim que a publicação em causa transmite informação desatualizada e, por isso, enganadora. ___________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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