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  • O episódio teve lugar esta manhã, quando o Primeiro-Ministro respondia a Fernando Negrão a propósito do tema do dia: o sistema de segurança social. Disse Costa: “[Fernando Negrão] senta-se ao lado de quem disse que os nossos idosos, que os nossos pensionistas eram a peste grisalha do nosso país”. Ato contínuo, Carlos Peixoto interpelou a mesa, solicitando a defesa da honra, que o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, remeteu para o final do debate, como prevê o regimento. No momento em que finalmente pôde usar da palavra, Peixoto não foi brando nas palavras: “O senhor comentou o que não lê, o senhor falseou, perverteu completamente a verdade (…) Aquilo que o senhor primeiro-ministro disse é mentira, mas quero dizer-lhe mais, eu tenho a certeza que o senhor deputado Fernando Negrão não tem vergonha de se sentar ao meu lado, mas já não tenho a certeza de que o seu antecessor, António José Seguro, e muitas das pessoas que tem no Governo, tenham vergonha de se sentar ao seu lado. E concluiu: “Um Primeiro-Ministro que foi ministro duas vezes do Primeiro-Ministro José Sócrates não tem autoridade moral para chegar aqui e apoucar quem quer que seja.” Em resposta, Costa sublinhou que Carlos Peixoto “não pediu a palavra para defender a sua honra”, mas para o insultar . Porém, acrescentou, “posso deixá-lo tranquilo porque não insulta quem quer, e o senhor não me insulta diga o que disser”. Mas afinal Carlos Peixoto utilizou ou não a expressão em causa? A resposta é sim. Trata-se, porém, de um “sim” que tem necessariamente de ser acompanhado de um “mas”. Explicando: efetivamente, o social-democrata publicou um artigo no jornal “i” no dia 10 de janeiro de 2013 com o título “Um Portugal de cabelos brancos”. Nele, debruçava-se sobre as questões da demografia e do envelhecimento da população. A dada altura, escreveu, referindo-se ao avançar da média etária, que “a nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha”. Na altura, o artigo teve grande repercussão e Peixoto foi atacado por quase todos os quadrantes. O ataque mais feroz veio de um reformado de Coimbra: António Figueiredo, então com 68 anos, escreveu no seu blogue um texto demolidor. Fique com uma das passagens mais agressivas: “Face às clavas da revolta que me flagelam, era motivo para isso, no entanto, vou fazer o possível para não atingir o cume da parvoíce que foi suplantado por si, como deputado do PSD e afecto à governação, sr. Carlos Peixoto, quando ao defecar que “a nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha”, se esqueceu do papel higiénico para limpar o estoma e de dois dedos de testa para aferir a sua inteligência. A figura triste que fez, cuja imbecilidade latente o forçou à encenação de uma triste figura, certamente que para além de pouca educação e civismo que demonstrou, deve ter ciliciado bem as partes mais sensíveis de muitos portugueses, inclusivamente aqueles que deram origem à sua existência – se é que os conhece. Já me apraz pensar, caro sr., que também haja granjeado, porém à custa da peste grisalha, um oco canudo, segundo os cânones do método bolonhês. Só pode ter sido isso.” A encabeçar o texto estava uma citação: “Os loucos por vezes curam-se, os imbecis nunca.” Autor: Oscar Wilde. O deputado colocou uma queixa-crime contra o idoso, que viria a ser condenado em 2016 a pagar-lhe uma indemnização de três mil euros. No ano passado, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem acabou por dar-lhe razão, condenando o Estado português a pagar 6.700 euros a António Figueiredo. “Face às clavas da revolta que me flagelam, era motivo para isso, no entanto, vou fazer o possível para não atingir o cume da parvoíce que foi suplantado por si, como deputado do PSD e afecto à governação, sr. Carlos Peixoto, quando ao defecar que “a nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha”, se esqueceu do papel higiénico para limpar o estoma e de dois dedos de testa para aferir a sua inteligência”, escreveu um crítico de Peixoto no seu blogue. Num texto publicado então no Facebook, Peixoto contextualizou as suas afirmações: “A expressão de que se fala não é minha e, que eu saiba, nunca suscitou a ira de ninguém quando outros a usaram. Aparece em vários livros e publicações portuguesas e estrangeiras e em diversos estudos académicos que se debruçam sobre questões relacionadas com a demografia, como são exemplo ‘O envelhecimento da sociedade portuguesa’, Maria João Valente Rosa, Fundação Francisco Manuel dos Santos, onde se escreve: “O envelhecimento demográfico surge-nos como um processo que é urgente banir, uma “peste grisalha” como é por vezes referido, porventura mais grave para a sobrevivência das sociedades que outras pestes que devastaram populações no passado” e ‘Jornalismo de Ciência, Universidade Nova de Lisboa, revistan.org, onde se escreve numa tese de mestrado: ‘A verdadeira discussão de uma estratégia política ainda está por fazer. Apesar dos números, Portugal ainda não está preparado para dar importância à qualidade de vida de uma “peste grisalha” da população e limita-se a discutir uma política de velhice’”. Está bem de ver que esta expressão, de autoria alheia, foi usada apenas e tão só para caracterizar o fenómeno do envelhecimento populacional e os perigos que ele representa para as sociedades contemporâneas. Nada tem de pessoal, não tem ninguém como destinatário e não tem conotação acintosa ou negativa.” Face ao exposto, é possível concluir que o Primeiro-Ministro não mentiu quando referiu a autoria da frase em questão, mas também é importante compreender o contexto e a intenção com que a mesma foi expressa no artigo em questão, devidamente explicados pelo deputado no seu texto publicado no Facebook, em que sublinha de forma muito enfática que a expressão não é da sua autoria, tendo-se inspirado em estudos académicos que a utilizam para designar um fenómeno demográfico. Avaliação do Polígrafo:
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