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  • O céu parecia ter caído sobre a cabeça de Justin Vernon, em 2006. A banda que fundou, os DeYarmond Edison – que são os seus dois nomes do meio – anunciam a dissolução. E esta separação não veio só. Vernon também ficou sem namorada. De coração partido e sem rumo, refugiou-se numa cabana no noroeste de Wisconsin – Vernon é de Eau Claire, Winsconsin – e por por lá ficou, isolado do mundo, durante 3 meses. O período de isolamento e reflexão permitiu-lhe colocar a vida em perspetiva e, mais importante, escrever um conjunto de canções que acabariam reunidas em “For Emma, Forever Ago”, disco do final de 2007, que chegou à rua numa edição de autor de apenas 500 unidades, que rapidamente esgotaram. A dinâmica criativa da banda DeYarmond Edison tinha chegado ao fim, pelo menos para Justin, que confessou ao “The Guardian”sentir-se bastante desinspirado na Carolina do Norte, onde a banda se tinha fixado. Decidiu voltar às origens. “Precisava de regressar. Por isso decidi separar-me de todos. Separei-me da minha banda, separei-me da minha namorada – libertei-me para fazer isso.” É neste momento de mudança, de separação, de isolamento, que entra em cena a cabana que o seu pai tinha construído em 1979 e onde tinha passado inúmeros fins de semana. “É uma cabana de madeira, estilo alpino. Agora tem canalização e tudo, mas mantém aquela vibração de outros tempos, porque estamos tão longe de tudo”, contou ao “The Guardian”. Cortou madeira para queimar e se aquecer, caçou para comer, bebeu cerveja, isolou-se. O objetivo não era escrever canções. Mas elas apareceram, naturalmente. “Não fui para a montanha para fazer um disco. A música foi apenas parte de um processo para expurgar de dentro de mim aquela estranha vibração. Sentei-me e comecei a trabalhar nas canções, com várias camadas vocais, na tentativa de funcionar como um coro”, revelou ao “The Guardian”. Por vezes, escreve aquela publicação, “por vezes, as canções são mais sílabas do que palavras. ‘Foi assim que quase todas as letras foram escritas, desta forma estranha, como que saídas de uma porta escondida do meu subconsciente’”. São nove canções assombrosas, assombradas pelas profundezas da natureza agreste e gelada onde nasceram e não precisavam desta história para se afirmarem. Mas a verdade é que os falsetes de Vernon, a guitarra e a melancolia que emana de todos os temas ganham outra dimensão quando têm, como pano de fundo, a atmosfera densa da desilusão amorosa e criativa, a neve, a solidão. Além das canções, nasceu, também, Bon Iver, o novo nome de palco saído do frio, que, chegado à civilização, rapidamente conquistou a atenção da editora independente americana Jagjaguwar e da 4AD, na Europa. Mas afinal quem é Emma, a quem o disco é dedicado? A revista “New Yorker” cita o próprio Justin Vernon: “Emma não é uma pessoa. Emma é um sítio onde ficamos presos. Emma é uma dor que não conseguimos eliminar.” Avaliação do Polígrafo:
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