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  • Um vídeo, que está a ser partilhado nas redes sociais, mostra dezenas de gatos dentro de sacos de rede. Na descrição da publicação é afirmado que “o Governo chinês ordenou o abate de todos os animais domésticos que vivam com humanos infetados com Covid-19”. Será verdade? O vídeo foi partilhado em vários meios de comunicação internacionais – que pode ver aqui ou aqui – com a mesma alegação, porém nenhum dos artigos apresentava provas sobre a autenticidade do vídeo em questão. No entanto, é verdade que há relatos de vários animais domésticos terem sido mortos na China devido à política zero-Covid-19 aplicada no país. O assunto tem vindo a ser denunciado por todo o mundo. A revista “Fortune” noticiou, em março, que a cidade chinesa de Langfang – localizada perto de Pequim – decretou a morte de todos os animais domésticos que pertencessem a pacientes com Covid-19. O regulamento foi avançado pela agência estatal Serviço de Notícias da China: “Com objetivo de assegurar a segurança do regresso a casa dos pacientes positivos, depois de comunicar com o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças da cidade de Langfang, é necessário matar de forma abrangente e minuciosa os animais domésticos dos pacientes positivos assim que possível.” No entanto, a mesma agência noticiosa anunciou que esse decreto foi revogado devido a protestos dos cidadãos. Não se sabe se a regra chegou a ser aplicada, se algum animal foi eutanasiado ou quaisquer dados sobre o número de animais mortos. “Com objetivo de assegurar a segurança do regresso a casa dos pacientes positivos, depois de comunicar com o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças da cidade de Langfang, é necessário matar de forma abrangente e minuciosa os animais domésticos dos pacientes positivos assim que possível.” Mas este não é caso único: a rádio norte-americana NPR publicou um artigo, a 15 de novembro de 2021, onde denunciava que as autoridades de saúde de várias cidades chinesas estavam a “invadir as casas das pessoas e a matar os seus animais de estimação enquanto os donos estão em quarentena”. Numa das situações relatadas, a dona assistiu ao momento em que mataram o seu cão através das câmaras de segurança que tinha em casa. A mulher conta que não pôde levar o animal para a quarentena – onde foi colocada por ter estado em contacto com um caso positivo, mas que lhe foi garantido que iam tomar conta dele durante o isolamento. As autoridades da cidade de Shangrao acabaram por pedir desculpa pela morte do animal, tendo ainda anunciado que o funcionário que matou o cão foi despedido pela “eliminação inofensiva de um cão de estimação sem ter comunicado totalmente com o dono do animal”. Meses antes, no final de setembro, a agência Reuters contava que três gatos foram eutanasiados depois da dona ter sido diagnosticada com Covid-19 – mesmo perante a sua objeção. Segundo a “Beijing News”, os animais foram depois testados, tendo sido identificada a presença de SARS-CoV-2. Ao jornal asiático, um trabalhador comunitário explicou que os animais foram mortos porque os gatos iriam continuar a deixar vírus pela casa. “Provavelmente não existe tratamento médico profissional para animais infetados pelo novo coronavírus”, disse ainda. “Não parece ser muito realístico que os gatos possam contaminar o ambiente tão fortemente que possa colocar o dono em risco re-contrair Covid-19”. Rachael Tarlinton, virologista e professor na Universidade britânica de Nottingham, disse à Reuters que “não parece ser muito realístico que os gatos possam contaminar o ambiente tão fortemente que possa colocar o dono em risco re-contrair Covid-19”. Também o Centro norte-americano para o Controlo e Prevenção de Doenças, citado pela NPR, afirma que as pessoas podem transmitir o vírus aos animais, no entanto a probabilidade de acontecer o inverso é “baixa”.
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