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| - “O gráfico que vêem em baixo retrata a esperança de vida entre vários países do mundo em diferentes momentos da História. Comparando agora os dois extremos, em 1800 e 2012. Em 1800, a Índia era o país com a menor esperança de vida – cerca de 25 anos – ao passo que a Bélgica era o país onde se podia esperar viver mais tempo, 40 anos. Em 2012, o país com a menor esperança de vida era a Serra Leoa, com uma esperança de vida à volta dos 45 anos, o Japão sendo recordista com perto de 85 anos de vida”, salienta-se no post de 26 de julho no Facebook, remetido ao Polígrafo para verificação de factos.
A partir destes dados conclui-se que “o país com a menor esperança de vida em 2012 tinha uma maior esperança de vida que o melhor em 1800. Inclusive fazia melhor do que cerca de metade dos países em 1950“.
Para o autor da publicação, esta “é uma poderosa prova de que os seres humanos vivem hoje consideravelmente melhor que no passado“, servindo ainda de “contraprova contra vários argumentos falaciosos como: ‘os ricos estão cada vezes mais ricos e os pobres cada vez mais pobres’ ou ‘a Revolução Industrial significou uma perda de qualidade de vida para os mais pobres'”.
O gráfico que está a ser partilhado foi elaborado por Max Roser, um economista e investigador na Universidade de Oxford, que esteve também na origem da base de dados “Our World In Data“. Além de ter compilado os números, Roser desenvolveu uma análise que disponibilizou na sua página em 2015:
“Em 1950, a esperança de vida de todos os países era maior do que em 1800, sendo que os mais ricos da Europa e da América do Norte tinham uma esperança média de vida superior a 60 anos – ao longo da modernização e da industrialização, a saúde da população melhorou drasticamente. Mas metade da população mundial – veja-se a Índia e a China – fez pouco avanços. Assim, o mundo em 1950 era altamente desigual no que toca aos padrões de vida – claramente dividido entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.”
Ainda que o cenário não fosse o melhor na década de 1950, os anos que decorreram até 2012 serviram para acabar com essa divisão: “Agora, são os antigos países em desenvolvimento – os países que estavam numa pior situação em 1950 – que alcançaram o progresso mais rapidamente. Ao mesmo tempo, alguns países (principalmente na África) estão a ficar para trás.”
Uma análise ao gráfico de Roser permite concluir que, em 1800, a Bélgica era mesmo o país do mundo onde os habitantes podiam esperar viver durante mais tempo. “Mais tempo” significa, nesta altura, uma vida até aos 40 anos. Alemanha, Países Baixos e Estados Unidos da América (EUA) também se situavam perto desta fasquia, longe de países como a Índia ou a Coreia do Sul, cujos habitantes muito dificilmente chegavam aos 30 anos de idade.
Em 1950, depois de um intervalo de 150 anos, países como o Butão, a Somália e a Índia continuavam a viver limitados por uma esperança média que não atingia sequer os 40 anos. No Butão, aliás, continuava abaixo dos 30 anos. Ao mesmo tempo, Noruega, EUA, Canadá e Alemanha tinham aumentado substancialmente a esperança média de vida, com a Noruega a ultrapassar, inclusive, os 70 anos de idade.
Em 2012, o último ano de análise de Roser, o pior cenário estava longe de se aproximar do melhor que se tinha vivido em 1800. Mesmo a Serra Leoa, Moçambique, Nigéria e Somália, os países onde ainda se vive durante menos tempo, conseguiam ter uma esperança média de vida que se situava entre os 45 e os 55 anos.
De acordo com os últimos números disponíveis no portal “Our World In Data“, só na República Centro-Africana é que se podia esperar viver até abaixo dos 54 anos. Apesar de África continuar a ser o continente onde se morre mais cedo, habitantes de países como a Argélia, Marrocos e Tunísia vivem, em média, até aos 78 anos.
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Avaliação do Polígrafo:
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