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  • Estão a correr nas redes sociais afirmações de que a Ucrânia criou um sistema de “créditos sociais” que combinaria o rendimento de cidadania e um certificado de vacinação numa aplicação chamada Diia — colocando em prática o programa “Great Reset” do Fórum Económico Mundial, argumentam. A publicação diz que a implementação desse sistema aconteceu “silenciosamente” no dia 16 de março, vinte dias depois da invasão russa, e que a Ucrânia tinha sido o primeiro país a fazê-lo. O “Great Reset” é um programa apresentado em junho de 2020 na reunião anual do Fórum Económico Mundial e serve “para melhorar a situação do mundo”, diz o microsite dedicado ao tema. A ideia é enfrentar a crise económica “de forma conjunta e rápida para renovar todos os aspetos das nossas sociedades e economias, da educação aos contratos sociais e condições de trabalho”. Todos os países, dos Estados Unidos à China, devem participar. E todas as indústrias, do petróleo e gás à tecnologia, devem ser transformadas. Em suma, precisamos de uma “Grande Redefinição” [em inglês, “Great Reset] do capitalismo”, continua outra página do Fórum Económico Mundial. As propostas concretas por trás do programa económico ainda estão a ser debatidas. Mas o “Great Reset” serviu imediatamente de semente a várias teorias da conspiração — quase todas potenciadas pelo movimento QAnon — e têm no seu seio uma só ideia: a de que há uma cabala dos mais poderosos líderes internacionais para controlarem e manipularem a população mundial. A Covid-19 foi apenas o primeiro passo para isso, argumenta. O que tem a aplicação ucraniana Diia a ver com o programa “Great Reset”? Nada. Ela foi realmente criada pelo Ministério da Transformação Digital da Ucrânia e lançada em 2020 com o objetivo de reunir os documentos pessoais dos utilizadores, como o cartão de cidadão ou o boletim de vacinas, em formato digital numa só aplicação; e de dar acesso a dezenas de serviços governamentais. Amanda Russo, porta-voz do Fórum Económico Mundial, disse ao USA Today que não há qualquer vinculação desta app ucraniana ao programa “Great Reset”. E a aplicação Diia também nada tem a ver com um sistema de créditos sociais — um programa de vigilância em massa através do qual a cada habitante seria pontuado quanto à sua obediência ao regime em vigor, confiabilidade e cidadania. A China está desde 2014 a desenvolver um sistema desta natureza. A aplicação também não está relacionada com o rendimento de cidadania, isto é, ao programa em que o Estado pagaria um determinado valor a cada cidadão para garantir que as suas necessidades básicas são cumpridas. Segundo o Stanford Basic Income Lab, uma instituição erguida no coração da Universidade de Stanford que estuda e investiga esta política, não há relação entre o rendimento de cidadania, a aplicação ucraniana e o programa “Great Reset”. Nem com uma tentativa de controlar a população mundial, como sugerem as teorias de conspiração. Sean Kline, diretor associado daquele laboratório, disse ao Check Your Fact que “o rendimento de cidadania não impõe trabalho, vacinação ou quaisquer outros requisitos de elegibilidade”. Porque é para toda a gente. Conclusão Não é verdade que a nova aplicação pública da Ucrânia, que reúne em formato digital os documentos pessoais dos cidadãos, esteja relacionada com a implementação de uma política de rendimento de cidadania e de um sistema de vigilância social. Também não é verdade que a aplicação tenha alguma coisa a ver com o programa “Great Reset”. Estas afirmações surgem no contexto de uma teoria da conspiração segundo a qual este programa do Fórum Económico Mundial, apresentado nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, é uma tentativa de controlo e manipulação da população mundial. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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