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| - A imagem que se propagou pela Internet, com especial incidência nas redes sociais, está associada a um texto no qual se questiona: “Mas há pais assim tão ingénuos?”
E logo a seguir alerta-se para “o perigo” que a medida representa.
A publicação dá a entender que haverá uma motivação e uma agenda libertária na origem desta medida que não a de prevenção dos contágios pelo coronavírus. E que estará a ser aplicada em todo o país através dos planos de contingência dos estabelecimentos de ensino.
Confirma-se que a adopção de casas-de-banho mistas nas escolas é uma medida recomendada pelo Governo ou pela Direção-Geral da Saúde (DGS) no âmbito da contenção da pandemia de Covid-19?
O Polígrafo identificou a instituição a que respeita o documento: trata-se do Agrupamento de Escolas Navegador Rodrigues Soromenho, localizado em Sesimbra. A respetiva Direção, contactada pelo Polígrafo, confirmou a autenticidade do documento.
Na página do referido Agrupamento de Escolas encontramos o Plano de Contingência elaborado pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), conforme as orientações da DGS. Nesse documento, porém, não há qualquer indicação sobre as casas-de-banho das escolas, nem sobre a forma como estas devem ser organizadas.
Noutro documento, emitido pela DGS no dia 21 de maio, definindo as “medidas de prevenção e controlo da Covid-19 em estabelecimentos de ensino”, a única referência às casas-de-banho limita-se à respetiva limpeza e descontaminação: “(…) A escola deve assegurar a disponibilidade de casas-de-banho que devem ser mantidas limpas e arejadas e organizados os horários de limpeza e descontaminação de acordo com a utilização e condições de higiene”.
Questionada pelo Polígrafo, a DGS confirma que não foram emitidas quaisquer recomendações sobre a utilização por género das casas-de-banho, em contexto escolar, e que “as orientações emitidas são gerais”, sendo função das escolas adaptá-las à sua realidade e aplicá-las.
Foi exatamente isso que o Agrupamento de Escolas Navegador Rodrigues Soromenho fez, ao adaptar as orientações ao espaço e aos circuitos que podem ser estabelecidos na escola.
Ao Polígrafo, fonte da Direção explicou que existem dois conjuntos de casas-de-banho para alunos em todo o edifício: o dos rapazes situa-se num piso e o das raparigas situa-se noutro piso. Assim, para evitar que os alunos tivessem de subir e descer escadas para irem à casa-de-banho, ficou definido que qualquer aluno, independentemente do género, pode deslocar-se até à casa-de-banho do piso em que está a ter aulas.
“Procurámos a melhor situação para os alunos não se cruzarem nos corredores, não foi indicação da DGS”, afirma a mesma fonte, acrescentando que duas das quatro cabines das casas-de-banho foram fechadas para manter o distanciamento e que os urinóis não podem ser utilizados.
Mais, ainda que as casas-de-banho sejam mistas, só podem entrar dois alunos do mesmo género de cada vez. Ou seja, não pode estar uma rapariga e um rapaz ao mesmo tempo no espaço da casa-de-banho. “Temos dois funcionários por corredor para controlar as entradas e as saídas”, conclui.
Em conclusão, não é verdade que os planos de contingência nas escolas determinem que as casas-de-banho passem a ser mistas, embora permitam flexibilidade para que cada escola adopte as medidas necessárias de acordo com as suas especificidades.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Parcialmente falso: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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