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| - “A democracia implica escrutínio e aquilo que eu tenho feito é escrutínio de uma série de casos muito importantes para a democracia. O serviço de urbanismo de uma câmara é um dos mais importantes e aquilo que vemos é suspeições, a perceção de que as coisas não funcionam e esta perceção muito forte de que há algo errado neste serviço”, começou por afirmar o cabeça-de-lista da coligação liderada pelo PSD e CDS-PP.
Depois de se referir ao antigo vereador do urbanismo Manuel Salgado e à investigação em curso nesta pasta da autarquia, Moedas afirmou: “Fernando Medina, em cima disto tudo, escolhe para número dois na sua lista para a câmara municipal, uma arquiteta que tem, nada contra isso, um contrato de 800.000 euros. O contrato não tem qualquer problema, mas ter uma futura vereadora (…) que vai ter que ser ela fornecedora da câmara municipal e ser também responsável para olhar para o contrato que ela própria fez com a câmara municipal?! Eu penso que eticamente os lisboetas precisam de uma resposta”.
Nas redes sociais, a questão já tinha sido levantada. “A empresa de Inês Lobo, a número dois da lista PS de Fernando Medina para a Câmara de Lisboa, celebrou um contrato de quase 800.000 euros com a Sociedade de Reabilitação Urbana… que pertence à Câmara Municipal de Lisboa, gerida por Fernando Medina”, afirma-se numa publicação no Facebook, de 2 de setembro.
A número dois da lista de Fernando Medina, apresentada a 22 de julho de 2021, é, de facto, a arquiteta Inês Lobo. O Polígrafo consultou o portal Base, verifica-se a existência de um contrato no valor de 799.920,00 € que tem como entidade adjudicatária a empresa Inês lobo, Arquitectos, Lda e como entidade adjudicante a Lisboa Ocidental, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, E.E.M, uma entidade municipal que pertence à Câmara Municipal de Lisboa.
O objeto do referido contrato, publicado no dia 26 de novembro de 2020, é a aquisição de serviços de elaboração de um Projeto de Arquitetura e Especialidades na Rua Vale Formoso de Cima – ORo2 – Programa Habitação Renda Acessível Público – Marvila.
De referir que, tal como mencionado posteriormente no debate por Fernando Medina, este contrato foi realizado na modalidade de consulta prévia. No portal encontram-se todas as entidades concorrentes do contrato.
Segundo Medina, “[Inês Lobo] é das mais prestigiadas arquitetas portuguesas, que trabalhava para a câmara como muitos outros arquitetos. Sendo eleita vereadora do urbanismo, como aliás a lei prevê, deixará obviamente de ter qualquer atividade de natureza privada porque a isso está impedida, o seu gabinete de arquitetura não terá qualquer novo projeto com a CM de Lisboa”.
Em suma, conclui-se que a afirmação de Carlos Moedas é verdadeira.
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Avaliação do Polígrafo:
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