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| - “Ponte para a praia de Faro lamentavelmente está neste estado e a ser utilizada todos os dias por centenas de carros. Sr. Presidente, para quando a sua reparação ou substituição? Será para quando acontecer a desgraça? Lamentar o sucedido. Para todos divulguem esta foto o máximo a fim de criar urgentemente a sua intervenção.” Esta é a mensagem que acompanha a publicação da imagem da estrutura da ponte, a qual acumula mais de 3.400 partilhas no Facebook.
Mas será que a fotografia é autêntica e a ponte em causa representa algum perigo para os utilizadores? Verificação de factos.
Questionado pelo Polígrafo, Henrique Gomes, chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, confirma que a imagem é autêntica. Contudo, sublinha que não é recente: “Não conseguimos precisar a data da fotografia, mas não é atual. Houve operações de manutenção entretanto. A fotografia não terá menos do que cinco, seis ou sete anos”.
Em relação ao estado de segurança da ponte da praia de Faro, Henrique Gomes assegura que “não há risco identificado nos relatórios de avaliação das condições de segurança efetuados há alguns anos pela Coba SA e pela OZ Lda. e cuja atualização se encontra em curso neste momento. De acordo com as conclusões do referido relatório da OZ Lda., “o desempenho estrutural da obra – vertente de resistência – é perfeitamente aceitável para as condições de utilização atuais”.
Contudo, e de acordo com o mesmo relatório, “foram impostos condicionamentos à circulação rodoviária, com a limitação da velocidade a 30km/h e a limitação da circulação a veículos com peso inferior a 3,5 toneladas”.
Também contactado pelo Polígrafo, Cristóvão Norte, deputado à Assembleia da República, conselheiro nacional do PSD e vice-presidente da Comissão Política Distrital do PSD/Algarve, sublinha que a ponte em causa não é uma infraestrutura municipal. “A ponte está sob responsabilidade do Estado. Há vários anos que a construção de uma nova ponte ficou prevista no âmbito do programa Polis”.
“Cada Câmara Municipal das áreas territoriais sobre as quais o programa Polis incide contribuem com uma parte do capital social. Essa parte é entregue como o seu compromisso em relação às obras. Constitui-se a sociedade e o programa Polis realiza as obras, com o dinheiro que é transferido pelo Orçamento do Estado, colocado na Sociedade Polis e que é garantido pelo Governo”, explica Cristóvão Norte.
O projeto foi colocado em concurso público por duas vezes, mas não recebeu quaisquer candidaturas.
Por seu lado, Henrique Gomes admite que a autarquia assumiu a maior parte do investimento: “Em face do desinteresse, o valor base subiu, entretanto, para 3,5 milhões de euros, tendo a autarquia assumido a maior fatia deste investimento, por inexistência de financiamento por parte da Polis ou do Governo para viabilizar a obra que é da inteira responsabilidade da Sociedade Polis”.
“Se não fosse a Câmara Municipal de Faro, não haveria ponte nova. É preciso dizer isto, porque da parte do Governo não há mais verba para este empreendimento. Temos sido nós a promover a obra e já estamos com cerca de 80% do valor do vencimento da ponte”, prossegue. Não obstante, afirma que tanto o Município como o Governo “reconhecem a necessidade de se aumentarem os níveis de serviço, segurança e conforto dos utentes no acesso à praia de Faro”. E conclui: “Será lançado novo concurso dentro de um mês e esperamos que surja uma proposta válida”.
Concluindo, a ponte de acesso à praia de Faro não está em risco de colapso, visto que cumpre as normas previstas nos relatórios de segurança. A publicação que se tornou viral nas redes sociais está portanto a difundir uma falsidade, mostrando uma imagem antiga como se fosse atual e gerando alarmismo injustificado ou sem sustentação factual.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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