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| - Não é verdade que um vídeo que circula nas redes mostra uma invasão recente das Forças de Defesa de Israel ao hospital palestino Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. A filmagem, de agosto de 2013, registra um tiroteio ocorrido em um hospital de campanha no Cairo, capital do Egito, em meio a protestos contra a destituição do presidente do país, Mohamed Mursi (1951-2019).
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam ao menos mil curtidas e centenas de compartilhamentos no Facebook e Instagram até a tarde desta quinta-feira (16). O conteúdo também circula no Telegram e Kwai.
Invasão sionista no hospital Al-Shifa, maior hospital da Faixa de Gaza 15.11.2023
Publicações nas redes têm compartilhado um vídeo que mostra o interior de um hospital destruído como se fosse um registro da recente invasão israelense ao hospital palestino Al-Shifa. Por meio de busca reversa, Aos Fatos verificou que a gravação original foi realizada no Cairo, capital do Egito, em 14 de agosto de 2013, quando forças policiais do país invadiram e abriram fogo contra um hospital de campanha próximo à praça Rabaa Al-Adawiya.
Em julho de 2013, milhares de cidadãos egípcios iniciaram protestos contra a destituição de Mohamed Mursi, primeiro presidente democraticamente eleito do país. Ele era filiado à Irmandade Muçulmana e, pouco antes de completar um ano no cargo, foi removido do poder por um golpe liderado pelo militar e atual dirigente do país, Abdel Fattah el-Sisi.
Após semanas de pressão, as forças de segurança egípcias dispersaram à força no dia 14 de agosto manifestações na praça Rabaa Al-Adawiya, área em que estavam concentrados os apoiadores de Mursi. Os agentes também invadiram e abriram fogo contra um hospital de campanha montado no local, momento registrado pelo vídeo usado pelas peças de desinformação. O evento ficou conhecido como massacre de Rabaa, que vitimou ao menos 900 pessoas, segundo a Anistia Internacional.
Operação militar. É fato, no entanto, que o Exército de Israel anunciou na última terça-feira (14) o início de uma operação militar no hospital Al-Shifa. Segundo o porta-voz das forças de segurança do país, foram encontradas supostas provas de que as instalações estariam sendo usadas pelo Hamas. Médicos e autoridades de saúde de Gaza negam que a unidade seja um centro de comando do grupo extremista.
A invasão ao Al-Shifa foi alvo de repúdio de agências da ONU (Organização das Nações Unidas) e de organizações como a Human Rights Watch. De acordo com a ONG, as imagens divulgadas pelas forças israelenses não são suficientes para justificar a revogação do status do hospital como protegido pelas leis de guerra. Há uma pressão internacional para que Israel prove as afirmações e justifique as ações militares no local.
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