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  • Mensagem compara de forma errada gastos de Bolsonaro e Dilma com viagens Cuidado ao repassar informações sobre cifras dos governos do Brasil. Uma corrente usa quantias diferentes para criar uma comparação enganosa entre o governo de Dilma Rousseff (PT) e o de Jair Bolsonaro (sem partido) e indicar uma economia milionária da atual gestão. Ao analisar os dados, o resultado é diferente. Uma montagem que circula pelas redes sociais mostra duas manchetes: "Governo gastou R$ 483 milhões com viagens em 2014" e "Bolsonaro gastou R$ 8 milhões com viagens em 2019". "Porque [sic] a diferença?", questiona a montagem. "Tamanho da comitiva; tipo de hotéis; qualidade da alimentação; duração das viagens..." seriam os motivos. A mensagem chegou a ser compartilhada pela ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em sua conta no Twitter no dia 1º de janeiro, mas a publicação foi apagada. Montagem compara números díspares As reportagens usadas pelas correntes são verdadeiras e os números publicados, oficiais. A diferença é que eles tratam de dois patamares completamente diferentes, o que invalida a comparação. A reportagem compartilhada que atesta os R$ 483,6 milhões gastos pelo governo Dilma foi publicada pelo portal da revista Exame no dia 14 de outubro de 2015. Os números foram divulgados pelo extinto Ministério do Planejamento e trata de todos os voos feitos em 2014 por diferentes áreas do governo, na chamada Administração Pública Federal (APF). Já a matéria sobre o governo de Jair Bolsonaro usada na corrente foi publicada pelo portal Terra no dia 30 de dezembro do ano passado. Ela remete a uma matéria do jornal O Estado de S.Paulo, que conseguiu as informações por meio da Lei de Acesso à Informação. Os números foram confirmados ao UOL pela Secretaria-Geral da Presidência da República por email e só valem até outubro de 2019. Segundo o órgão, o apanhado do ano ainda está sendo finalizado. Diferente de outras correntes, esta não inventa números, mas os descontextualiza, o que gera uma interpretação errada. Os R$ 483 milhões gastos em 2014 compreendem voos da Presidência, de quase todo seu corpo ministerial e das Forças Armadas, ao passo que os R$ 8 milhões de 2019 só consideram as viagens da comitiva de Bolsonaro, sem contar ministérios e Forças Armadas, até outubro. Em simulação, números são parecidos A discrepância some quando se faz uma simulação comparando órgãos semelhantes. Ao analisar dados do Painel de Viagens, site de transparência do governo federal, vê-se que os números de Dilma em 2014 e Bolsonaro em 2019 estão bem parecidos, se considerada a correção da inflação. Ao todo, se comparadas as pastas similares, o governo Bolsonaro gastou por volta de R$ 633 milhões em 2019. Foram 242 mil viagens no período, uma redução de 8% em comparação ao ano anterior, último de Michel Temer (MDB) na Presidência. Enquanto isso, considerada a correção inflacionária do Banco Central, os R$ 483,6 milhões gastos por Dilma em 2014 podem ser convertidos em R$ 662 milhões para dezembro de 2019, o que mostra números similares entre as duas gestões. Segundo as informações, a grande maioria das rotas em 2019 ficou entre Brasília-Rio de Janeiro e Brasília-São Paulo. Os órgãos que mais gastaram foram os ministérios da Educação (R$ 184,8 milhões) e da Defesa (R$ 159 milhões). Como a simulação foi feita pela reportagem Como a APF foi extinta por meio de decreto em 2019 e alguns ministérios foram fechados ou alterados pelo governo Bolsonaro, não é possível fazer uma comparação número a número entre as duas gestões. Para a simulação, o UOL considerou os órgãos correspondentes aos antes pertencentes à APF. São eles: Agricultura, Pecuária e Abastecimento (antigo Agricultura e Reforma Agrária); Defesa; Economia; Educação; Fazenda; Infraestrutura; Justiça e Segurança Pública; Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; Previdência Social; Relações Exteriores e Saúde. Também foram consideradas cinco áreas diretamente ligadas ao Planalto: assessoria especial do presidente, Casa Civil, gabinete pessoal do presidente, Secretaria de Governo e Vice-Presidência da República.
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