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| - No seu programa de comentário no Jornal da Noite, Luís Marques Mendes fez questão de analisar o tema da semana: Caixa Geral de Depósitos. A propósito da decisão de realizar uma nova comissão parlamentar de inquérito à CGD, o ex-líder do PSD afirmou que se trata de uma iniciativa altamente positiva, fundamentalmente por dois motivos:
- Por uma questão de transparência. Para o comentador da SIC, os portugueses não compreenderiam que as conclusões plasmadas na auditoria de gestão feita à CGD pela consultora EY não fossem do conhecimento público – e uma comissão de inquérito será um palco propício à sua revelação e debate consequente.
- Porque permitirá “distinguir o trigo do joio”. Segundo Mendes, através da leitura do documento é possível perceber um par de coisas: a) que nem todos os gestores do período em análise foram incompetentes ou negligentes (como terá sido, em sua opinião, o caso de Faria de Oliveira); b) que a tempestade na gestão do maior banco português já passou: “Isto foi um tempo mau da Caixa, principalmente entre 2005 e 2008 [período em que foi gerida por Carlos Santos Ferreira e Armando Vara], mas neste momento já está a dar a volta.”
Estará mesmo a Caixa a afastar-se da situação de enorme debilidade que, entre 2011 e 2016, a fez apresentar prejuízos acumulados superiores a 3.800 milhões de euros? Ou Marques Mendes precipitou-se na análise e ainda é cedo para festejos?
Segundo os últimos resultados de gestão da CGD, divulgados por Paulo Macedo, presidente da administração, no mesmo dia em que entregou em mão no Parlamento a auditoria de gestão da EY, em 2018 a instituição teve lucros consolidados de 496 milhões de euros.
Os dados disponíveis indicam que Mendes tem motivos sólidos para fundamentar o seu otimismo. Segundo os últimos resultados de gestão da CGD, divulgados por Paulo Macedo, presidente da administração, no mesmo dia em que entregou em mão no Parlamento a auditoria de gestão da EY, em 2018 a instituição teve lucros consolidados de 496 milhões de euros, bem acima dos 51,9 milhões de euros registados em 2017, sendo o segundo ano consecutivo de lucros do banco público, depois de vários anos sempre a acumular défices milionários – ou seja, aparentemente fechou-se o ciclo negativo e há já uma clara tendência de consolidação e de crescimento depois de anos críticos ao nível da gestão, que podem mesmo terminar no banco dos réus para protagonistas ao mais alto nível, como Armando Vara ou Santos Ferreira.
No período analisado pela consultora, a CGD foi liderada por António Sousa (2000-2004), Carlos Santos Ferreira (2005-2008), Faria de Oliveira (2008-2010) e José Matos (2011-2016).
Neste momento, a possibilidade de colocar ações de responsabilidade civil a alguns dos ex-gestores está em cima da mesa, encontrando-se em análise um lote de casos concretos em que tal poderá suceder. Paulo Macedo quer distinguir os bons dos menos bons, porque em seu entender não são todos iguais: “Sou totalmente contra achar-se que todas as pessoas que passaram pela Caixa são culpadas. De certeza que haverá más práticas, designadamente quando as vemos à luz de hoje, e haverá também erros. Agora achar que qualquer pessoa que tenha passado pela Caixa seja automaticamente culpada e tenha um cadastro, isso não é aceitável”, afirmou aos jornalistas à saída do Parlamento, já depois de admitir a existência de “más práticas” e de “erros”.
Segundo a auditoria da EY, foram contabilizadas apenas 14 operações de concessão inicial de crédito que receberam parecer de risco favorável, num total de 170. A consultora concluiu que a maioria dos casos analisados, ou seja, 80 operações, que representam perdas, no ‘top 25’, de 769 milhões de euros (43,7% do total), receberam um parecer de risco “condicionado ao acolhimento de um conjunto de requisitos prévios à concessão do crédito, e em que o Órgão de Decisão [que tomou a decisão de conceder o crédito], para além de não fazer depender a sua aprovação da concretização das respetivas condicionantes, não deixou evidência escrita que justifique esta decisão”.
No período analisado pela consultora, a CGD foi liderada por António Sousa (2000-2004), Carlos Santos Ferreira (2005-2008), Faria de Oliveira (2008-2010) e José Matos (2011-2016).
Avaliação do Polígrafo:
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