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| - Instado a comentar as declarações do primeiro-ministro – na véspera, em entrevista à RTP – de que não deve haver consequências políticas para o Governo do resultado do PS nas eleições europeias, o Presidente da República defendeu, no dia 31 de janeiro, que o Governo deve protagonizar uma “maioria absoluta de obra” e, para exemplificar o que não deve acontecer, recorreu até à comparação com a segunda maioria absoluta do PSD liderado por Cavaco Silva (1991-1995):
“Ora, a história demonstrou que tivemos experiências de vários tipos: tivemos maiorias de nome e de obra e tivemos maiorias que, a partir de certa altura, passaram a ser só de nome porque se esvaziaram, porque se cansaram, porque descolaram do país. Recordamos que nos anos 90 havia uma maioria, e essa maioria foi-se esvaziando, enfrentou eleições europeias e o partido – era uma maioria de um partido – perdeu as eleições europeias, não houve dissolução do Parlamento, a maioria formalmente continuou de pé, mas estava morta, ainda se prolongou um ano e três ou quatro meses em funções, mas estava morta, foi uma maioria que depois se limitou apenas a discutir a sucessão do chefe do Governo (…)”
Marcelo Rebelo de Sousa aludia às eleições europeias de 1994, realizadas no dia 12 de junho, com o segundo executivo liderado por Cavaco Silva e suportado por uma maioria parlamentar do PSD a cerca de 15 meses do fim do respetivo mandato. Nesse sufrágio, o PS foi a força política mais votada, com apenas 0,48% (14.642 votos) de vantagem do PSD (34,87% vs. 34,39%).
Mas, o que afirmou então Marcelo Rebelo de Sousa sobre essas eleições?
Habituado a dar notas aos atores políticos na TSF – no programa “Exame” -, o comentador Marcelo Rebelo de Sousa foi procurado pelos jornalistas, poucos dias depois, para comentar a situação política e, claro está, avaliar os líderes de PSD e PS, em decorrência daquelas eleições.
Aos microfones de rádios e televisões, o então também militante do PSD classificou com 17 valores Cavaco Silva e também com a mesma nota António Guterres, embora o primeiro “possa querer ir ao 18” e o segundo “possa querer ser descer ao 16”.
Questionado sobre se a vitória do PS poderia ser um indicador para as legislativas de 1995, Marcelo respondeu: “Se for, então quer dizer que o professor Cavaco Silva pode ter maioria absoluta”.
Portanto, é verdadeiro que, sobre o segundo governo maioritário liderado por Cavaco Silva após as eleições europeias de 1994, Marcelo Rebelo de Sousa considera hoje que aquela maioria absoluta já estava “morta”, quando, poucos dias depois das europeias, previa que poderia renovar-se nas legislativas seguintes.
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Avaliação do Polígrafo:
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