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| - “Faz dois anos que a deputada antifascista e antirracista se absteve na condenação dos crimes de Israel contra o povo palestino. O genocídio sionista não deve ser estrutural que chegue, é perdoável”, ironiza-se num tweet de 22 de novembro.
De facto, precisamente a 22 de novembro de 2019 era votado e aprovado, em plenário da Assembleia da República, um voto apresentado pelo PCP que visava a “condenação da nova agressão israelita a Gaza e da declaração da Administração Trump sobre os colonatos israelitas”.
O documento dos comunistas contou com os votos contra de toda a ala direita – PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal -, mas foram as abstenções que deram que falar: quer a então deputada única do Livre, Joacine Katar Moreira, quer o deputado socialista Ascenso Simões, decidiram não votar nem a favor nem contra o texto. No caso do partido de Rui Tavares, a decisão da única parlamentar eleita pelo Livre foi o início do seu caminho como não-inscrita.
Na altura, Katar Moreira responsabilizou o próprio partido pela abstenção na votação da iniciativa apresentada pelos comunistas:
“A abstenção não se deveu a uma falta de consciência ou descaso desta grave situação, mas à dificuldade de comunicação entre mim e a atual direção do Livre, da qual sou parte integrante, para além de deputada única do partido”, lê-se no comunicado redigido à data por Katar Moreira.
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“Foram três dias de contacto infrutífero para saber dos posicionamentos da direção relativos ao sentido de voto das propostas que nos chegaram, onde esta constava. Assumo total responsabilidade pelo voto e devo dizer que, apesar de a abstenção não constituir um voto a favor ou um voto contra, ela não representou aquilo que tem sido desde sempre a minha posição pública sobre esta temática. Votei contra a direção de mim mesma“, continuou a deputada.
A justificação foi mesmo mais longe, fazendo com que alegasse “prudência” como principal motivo para o sentido de voto: “Apesar das posições do partido em 2014, as quais condenam agressões à Palestina por parte de Israel, o facto é que o texto do PCP era omisso em relação à questão da negociação para a paz e o Livre frisa nas suas posições a necessidade de diálogo entre as partes envolvidas. Decidi abster-me por prudência, acreditando estar a defender a posição do partido – não a minha“.
Apesar deste comunicado, rapidamente foi tornada pública a posição do partido Livre que manifestou preocupação com a abstenção de Katar Moreira, um voto “em contrassenso” com o programa e as posições do partido.
“O Grupo de Contacto do Livre manifesta a sua preocupação com o sentido de voto da deputada Joacine Katar Moreira, em contrassenso com o programa eleitoral do Livre e com o historial de posicionamento do partido nestas matérias. (…) O texto apresentado pelo PCP colhe uma posição favorável por parte da direção do partido Livre”, lê-se no texto divulgado um dia depois da votação.
“A posição do Livre sobre a Palestina é clara desde a fundação do partido: pela autonomia do território e pelo reconhecimento do Estado da Palestina. Ao longo dos nossos seis anos de existência foram várias as ocasiões em que pudemos dar conta desta posição e da vontade do Livre em defender a causa palestina na Assembleia da República”, esclareceu o partido.
Em suma, é verdade que Katar Moreira se absteve na votação, há precisamente dois anos, do voto de “condenação da nova agressão israelita a Gaza e da declaração da Administração Trump sobre os colonatos israelitas”. O texto apresentado pelos comunistas não foi suficiente para um entendimento entre o Livre a sua então representante no Parlamento. Ainda assim, e por considerarmos que o sentido de voto da deputada teve vários contornos no que respeita à sua verdadeira intenção, optamos pela classificação de “Verdadeiro, Mas…”
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
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