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| - Começando pelos dois contratos por ajuste direto identificados nos tweets: foram publicados no portal Base em janeiro de 2021, mas os contratos já tinham sido firmados em março e abril de 2020, respetivamente.
De um lado, o Centro Hospitalar Tondela-Viseu como entidade pública adjudicante; do outro lado, a empresa FSA Digital Med como entidade privada adjudicatária.
O primeiro contrato foi celebrado no dia 18 de março de 2020, por um valor de 19.500 euros, visando a “aquisição de teclado para as urgências (Covid-19)”.
O segundo contrato foi celebrado no dia 17 de abril de 2020, por um valor de 3.400 euros, visando a “aquisição de 50 ratos para as urgências (Covid-19)”.
O Polígrafo questionou o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) que, por escrito, respondeu que, face à pandemia de Covid-19, “procedeu à compra de material informático, nomeadamente 50 ratos e 100 teclados, tecnicamente adaptados para a higienização com produtos desinfetantes, destinados às áreas Covid-19 do hospital, entre as quais os serviços de urgência”.
Ou seja, em média, 68 euros por cada um dos 50 ratos e 195 euros por cada um dos 100 teclados.
O presidente do Conselho de Administração do CHTV, Nuno Duarte, confirma o negócio em causa, sem revelar, porém, a marca ou as características técnicas dos equipamentos: “Esse material tem esse preço porque é um material específico que permite a lavagem e a desinfeção. Essa é a diferença face aos ratos e aos teclados normais e foi por recomendação da nossa comissão de infeção”.
Neste ponto importa salientar que a mesma empresa FSA Digital Med, em abril de 2017, firmou um contrato por ajuste direto com o Centro Hospitalar de São João, no Porto, por um valor de 8.718 euros, visando a “aquisição de 100 ratos e 100 teclados laváveis“.
Ou seja, em média, 43,59 euros por cada equipamento. Um preço muito inferior ao que o CHTV pagou, em média, por cada um dos 150 ratos e teclados igualmente laváveis: 152,60 euros, quase o quádruplo.
Mais, o Polígrafo descobriu entretanto a existência de outro contrato por ajuste direto envolvendo o CHTV e a FSA Digital Med, celebrado no dia 17 de julho de 2020 e publicado no portal Base logo no dia 4 de agosto de 2020. Este terceiro contrato passou despercebido aos denunciantes no Twitter e também não foi referido no primeiro contacto que o Polígrafo estabeleceu com o CHTV.
Por um valor de 60 mil euros, visou o “fornecimento de ratos e teclados higienizáveis“.
Como tal, o Polígrafo voltou a contactar o presidente do Conselho de Administração do CHTV, Nuno Duarte, o qual confirmou o negócio em causa, especificando que se tratou dessa vez de 400 ratos e 400 teclados.
Ou seja, em média, 75 euros por cada equipamento.
No total, o Hospital de Viseu gastou 82.900 euros em 500 teclados e 450 ratos nos últimos 10 meses, mediante três contratos por ajuste direto firmados com a mesma empresa entre março e julho de 2020.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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