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| - “Sabes por que as folhas de louro são colocadas na confecção da comida? Para dar sabor… É o que pensamos, mas se ferveres as folhas de louro na água e beberes, constatas que a água não tem sabor algum”, começa por se salientar no texto em causa, partilhado por milhares de pessoas no Facebook e outras redes sociais.
“A adição de folhas de louro à comida quando a confecionamos converte os triglicerídeos em gorduras mono. (…) Corta um frango ao meio e cozinha cada metade numa panela e coloca uma folha de louro numa e na outra sem folha de louro e observa a quantidade de gordura nas duas panelas. Se temos folhas de louro, não há necessidade de uma farmácia. Estudos científicos recentes mostraram que as folhas de louro têm muitos benefícios”, alega-se, garantindo que “a folha de louro trata distúrbios digestivos e ajuda a eliminar as protuberâncias“.
“Regula o movimento intestinal, bebendo chá quente de louro. Reduz o açúcar no sangue e a folha de louro também é um antioxidante. Ele permite que o corpo produza insulina comendo-a ou tomando chá de louro por um mês. Elimina o colesterol ruim e alivia o corpo de triglicerídeos. Muito útil no tratamento de gripes, resfriados e tosse grave, pois é uma rica fonte de vitamina C, podes ferver as folhas e a inalação de vapor, para te livrares da fleuma e reduzir a gravidade da tosse. A folha de louro protege o coração de convulsões e derrames, pois contém compostos de proteção cardiovascular”, enumera-se.
Destaca-se ainda que esta folha aromática é rica “em ácidos como ácido cafeico, quercetina, eigonol e bartolinídeo, substâncias que impedem a formação de células cancerígenas no corpo“. Mais, “elimina insónia e ansiedade, se tomado antes de dormir, ajuda a relaxar e dormir em paz” e “beber uma xícara de folhas de louro cozidas duas vezes ao dia quebra pedras nos rins e cura infeções“.
Para verificar se estas alegações têm algum fundamento contactámos Pedro Carvalho, nutricionista e autor de um livro sobre os mitos da alimentação, e Sílvia Saraiva, endocrinologista.
Pedro Carvalho garante que não há evidências científicas que sustentem estas alegações: “Parece uma clara extrapolação dos benefícios do louro”.
Segundo o nutricionista, “os chás, ervas aromáticas e especiarias têm efeitos benéficos, mas numa escala pequena, não se podendo dizer que curam o que quer que seja. No limite, diminuem de forma muito moderada o risco”.
Por sua vez, Sílvia Saraiva indica que “as únicas propriedades que já apresentam alguma confirmação em estudos são as anti-inflamatórias“.
Quanto a reduzir a formação de pedras nos rins, ou mesmo obter uma redução do açúcar no sangue, a endocrinologista diz que seria necessário “consumir uma dose tão grande que se tornava tóxico“.
É portanto falso que a folha de louro “quebra pedras nos rins e cura infeções” como se alega no texto em causa. Os restantes benefícios evocados também levantam dúvidas, sobretudo quando se diz que “curam”.
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Avaliação do Polígrafo:
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