schema:text
| - Um texto sobre o cabeça de lista da Aliança Democrática às Europeias está a ser partilhado nas redes sociais, sugerindo que Sebastião Bugalho não tem licenciatura e que não trabalhou “com horários e funções”. A publicação tem origem num texto escrito por um deputado do Chega, António Pinto Pereira, mas já circula em diversas partilhas.
Trata-se de um texto longo com considerações sobre a “experiência de vida” do candidato a eurodeputado que encabeça a lista da AD para as eleições de 9 de junho, onde o autor original descreve Bugalho como um “imberbe convencido e com ares de senhor de idade. Mas sem conhecimentos, sem sequer ter uma licenciatura (ao que vi), sem estrutura científica, sem experiência de vida, sem ter trabalhado com horários e funções”. O Observador foi verificar os factos relativos à questão da licenciatura e da atividade profissional de Sebastião Bugalho.
Começando pela licenciatura. Na semana passada, numa entrevista à CNN Portugal, o candidato foi questionado sobre a sua experiência e percurso profissional e respondeu: “Não estive em casa sem fazer nada nos últimos nove anos. Fui estudante de Ciência Política e Relações Internacionais. Tive, aliás, cadeiras dedicadas ao projeto europeu”, afirmou, quando recordava o tempo em que foi trabalhador-estudante.
O cabeça de lista da AD licenciou-se em Ciência Política e Relações Internacionais, “com a média final de 15 valores”, a 29 de janeiro de 2018, na Universidade Católica Portuguesa (UCP), de acordo com o certificado da licenciatura a que o Observador teve acesso.
O assunto já tinha sido recentemente suscitado na rede social X e foi um dos seus professores no Instituto de Estudos Políticos da UCP, André Azevedo Alves, que esclareceu que Bugalho “terminou a licenciatura” e que “foi um bom aluno, apesar da natural dificuldade para conciliar estudos com trabalho na parte final”.
Para minha surpresa, tenho visto esta pergunta repetida muitas vezes. Fui professor no IEP-UCP do @reis_bugalho que, como é público, terminou a licenciatura. Posso acrescentar que foi um bom aluno, apesar da natural dificuldade para conciliar estudos com trabalho na parte final. https://t.co/hPf4oRHlZn
— André Azevedo Alves (@AzevedoAlves) April 30, 2024
Agora a parte da atividade profissional. Nos últimos anos da licenciatura, Sebastião Bugalho trabalhava no jornal i, onde assinava artigos de opinião e foi jornalista. O então diretor do jornal, Vítor Rainho, confirma ao Observador que Bugalho começou por escrever artigos de opinião que começou a enviar-lhe e, mais tarde, acabou por estagiar no jornal: “Na altura em que ele mandava textos de opinião não sabia que era filho da Patrícia [Reis, que tinha trabalhado com Vítor Rainho no passado]. Um dia ela ligou-me a pedir para ele estagiar no jornal para ver se se desencantava com o jornalismo”, conta agora.
“Começou a estagiar a 1 de setembro de 2016”, diz Rainho que garante: “Tinha horários e cumpria. A sua função era jornalista, tinha um contrato. Fazia mais a área da política, mas ao principio colaborava em tudo. Aliás, no primeiro domingo em que trabalhou fez três planos do jornal: um de desporto, um de internacional e outro de sociedade”, recorda o então diretor.
No site do jornal i é possível encontrar vários textos assinados por Sebastião Bugalho, tanto artigos de opinião como jornalísticos, sobre várias matérias, mas predominantemente sobre atualidade política.
Entre 2018 e 2021, tem artigos de opinião publicados no Observador, e depois também no Diário de Notícias. Foi também nessa altura que começou a colaborar com a TVI24, no programa “Novos Fora Nada”, e em alguns espaços de comentário político. Neste mesmo intervalo de tempo, chegou a candidatar-se nas listas do CDS à Assembleia da República (2019), pelo círculo de Lisboa, mas não foi eleito deputado. Quando a deputada Ana Rita Bessa saiu do Parlamento, podia ter sido Bugalho a substituí-la no Parlamento, mas recusou.
Quando a CNN Portugal arrancou, em 2022, Bugalho foi comentador do canal e tinha um programa de debate semanal com o socialista Sérgio Sousa Pinto, o “Contrapoder”. Mais recentemente, em outubro de 2023, foi contratado pela SIC Notícias e pelo Expresso, onde passou a comentar na televisão e a escrever opinião no jornal até ao final de abril deste ano, altura em que assumiu a candidatura ao Parlamento Europeu pela AD.
Conclusão
Sebastião Bugalho tem licenciatura e desempenhou funções como jornalista e comentador nos últimos anos. É licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa desde 29 de janeiro de 2018, confirmou o Observador através do certificado passado pela instituição com data de 16 de abril de 2020. Em 2016, quando ainda estava na faculdade, o agora cabeça de lista da AD estagiou no jornal i, onde ficou a trabalhar nos anos seguintes, acompanhando a área da política mas não só. O então diretor do jornal da altura, Vítor Rainho, confirma ao Observador que Bugalho tinha contrato como jornalista e exerceu essas funções até 2018. Nos anos seguintes foi comentador, publicando artigos de opinião no Observador e Diário de Notícias, até ser contratado pela CNN Portugal, onde fez comentário e alguns programas. Nos últimos meses foi contratado pela SIC Notícias e pelo Expresso, onde manteve a atividade de comentador.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
|