schema:text
| - É o regresso de uma teoria que aparece de forma recorrente, e que vai garantindo que o novo coronavírus já era conhecido há anos num círculo restrito ou que foi criado como parte de uma conspiração mundial. Neste caso, a tese é que a família Rothschild — uma família judia que, no século XVIII, criou um império na banca europeia, antes de as gerações seguintes usarem a fortuna para enveredar por áreas de negócio diversas — já teria patenteado testes à Covid-19 em 2015 e 2017.
A prova — garante este utilizador do Facebook e uma série de artigos (um deles publicado por um site que garante que vai processar a Reuters, que publicou um fact check a desmentir esta tese) — é que haverá pedidos de registo de patentes deste sistema de testes em 2015 e 2017, mas cuja divulgação foi “supostamente” agendada apenas para 2020. O primeiro registo teria, então, sido feito por Richard Rothschild em 2015.
Acontece que, como a Reuters explicava aqui, as tais patentes não têm a ver especificamente com testes à Covid-19. São, na verdade, patentes para sistemas mais genéricos — em 2015, o registo, como se pode ver no site que serve de abrigo aos registos nos Países Baixos, era para um “sistema e método para usar, processar, e mostrar dados biométricos”.
Como a Reuters explicava, estas patentes estão registadas na categoria de “Prioriteitsdatum”, o que significa, em holandês, “data prioritária”. Ou seja, não é a data em que a candidatura para a patente foi submetida pela primeira vez — mas pode ser antes a primeira candidatura de uma “família” de patentes do mesmo tipo, ou de parte de uma invenção, em particular.
Neste caso, percebe-se, verificando os registos, que a primeira candidatura é para o tal “sistema e método para usar, processar, e mostrar dados biométricos”. No caso de “sistema e métodos de testagem para a Covid-19”, a data é muito mais tardia: 17 de maio de 2020. Neste link, pode ser consultada toda a lista de passos que o processo implicou, e que se estenderam até maio de 2021.
Nesta família de patentes foram então, a 13 de outubro de 2015, registados outros sistemas, que não têm a ver com testagem de Covid: é o caso de um sistema de diagnóstico de saúde usando “telemedicina” e um sistema para melhorar a performance do utilizador em “atividades desportivas”.
Todas elas usam, assim, a mesma característica inicial: o uso de dados biométricos. Mas têm finalidades diferentes.
Fact Check. Já tinham sido registadas 73 patentes da vacina contra a SARS-CoV-2 antes de 2008?
Não é a primeira vez que aparecem insinuações de que já haveria patentes para testes ou vacinas para a Covid-19 antes de o vírus ter sido conhecido. Como o Observador explicava neste fact check, depois de um utilizador do Facebook alegar que já havia 73 patentes de vacinas contra o SARS-Cov-2 antes de 2008, as patentes não se referem aos mesmos sistemas e produtos: nesse caso, destinavam-se a combater outros coronavírus da mesma família do que provoca a Covid-19 — mas não o mesmo, descoberto em 2019.
Conclusão
Não é verdade que a abastada família Rothschild já tivesse registado patentes de testes à Covid-19 desde 2015, só divulgados agora. Essas patentes referem-se a outros sistemas, todos da mesma família — usam dados biométricos — mas com finalidades diferentes. A patente que se refere ao testes à Covid-19 só é registada em 2020.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
|