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| - O rapper P. Diddy não denunciou a cantora Anitta por envolvimento em um suposto caso de tráfico humano na Ilha de Marajó (PA), ao contrário do que afirmam posts que circulam pelas redes sociais.
Preso desde 2024 sob acusações de abuso sexual, P. Diddy sequer mencionou o nome de Anitta em seus depoimentos à Justiça dos Estados Unidos. Não há qualquer evidência de que tanto o rapper como a cantora estejam ligados a eventuais crimes em Marajó.
O que diz o post
"Anitta e P.Diddy envolvidos no caso Marajó", diz o texto da publicação, que traz imagens das cantoras Rihanna e Anitta e do rapper P. Diddy com um tribunal ao fundo.
Um narrador diz o seguinte: "Notícia urgente: Diddy abriu a boca no tribunal e revelou um nome chocante envolvido no caso Marajó. Ninguém menos que Anitta. Isso mesmo: a rainha do pop brasileiro. Até então, ninguém suspeitava da sua participação, mas a história tomou um rumo inesperado. Tudo começou com uma ligação totalmente criptografada que Diddy fez para Anitta semanas antes de ser preso. E adivinhem: O FBI conseguiu interceptar a conversa. Durante a ligação, eles discutiam como camuflar as operações de (sinal sonoro de "pi") de pessoas que vinham acontecendo na ilha de Marajó. Aquela conexão que parecia ser só de negócios da música agora está manchada por um esquema sombrio que envolve desaparecimento de recém-nascidos".
Por que é falso
P. Diddy não citou Anitta em depoimento à Justiça. O rapper compareceu à corte dos EUA pela última vez em 10 de outubro e permaneceu em silêncio durante toda a sessão. Tanto os advogados, como a promotoria e o juiz não mencionaram a cantora brasileira ou qualquer elemento referente a um suposto envolvimento dos artistas com algum esquema de tráfico humano em Marajó (aqui, em inglês).
Conversa entre Anitta e P. Diddy foi pública. De fato, os dois artistas se falaram, mas por meio de uma chamada de vídeo no Instagram (aqui e abaixo, em inglês) - e não em uma conversa "totalmente criptografada", como alegam as peças desinformativas. Nesta live, realizada em 2020 durante a pandemia de covid-19, P. Diddy diz: "Mal posso esperar para que isso acabe e eu possa dançar com você novamente pessoalmente". Anitta brinca e responde que "ficou muito louca" na última festa dele. "O que acontece nas festas do Diddy fica por lá", ri o rapper (aqui, aqui e aqui).
Julgamento de P. Diddy está marcado para maio. O rapper está preso desde 16 de setembro. P. Diddy responde a uma lista de acusações, como estupro (inclusive de menores de idade), agressão física e verbal, tráfico sexual, associação ilícita, porte de armas e de drogas e promoção de prostituição (aqui). Muitos dos crimes teriam sido cometidos durante festas promovidas pelo cantor, chamadas de "freak offs". O artista, que nega todas as acusações, será julgado em 5 de maio e, caso seja condenado, pode pegar prisão perpétua (aqui, aqui, aqui e aqui).
Proximidade de rapper com celebridades alimenta boatos. P. Diddy costumava circular com artistas do primeiro escalão dos EUA, como os cantores Justin Bieber, Jay-Z, Beyoncé, Usher e Mariah Carey, e atores de Hollywood, como Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. Estas parcerias, algumas delas comerciais e/ou artísticas, estimularam uma série de boatos sobre o envolvimento destas estrelas nos crimes atribuídos a P. Diddy, seja como cúmplices ou vítimas (aqui e aqui).
Anitta não se manifestou sobre o caso. O UOL Confere procurou a assessoria da cantora, mas não obteve retorno. O texto será atualizado caso haja uma resposta.
Supostas denúncias na Ilha do Marajó
Senadora Damares Alves associou ilha de Marajó à pedofilia. Enquanto era ministra do governo Bolsonaro, Damares fez uma série de denúncias sem provas sobre casos de abusos sexuais na região. Ela disse que crianças tinham os dentes arrancados para fazer sexo oral (aqui). Por causa disso, o MPF ajuizou uma ação civil pública contra a ex-ministra e a União pedindo uma indenização de R$ 5 milhões. (aqui).
Processo contra senadora aguarda decisão judicial. Em nota ao UOL Confere, o MPF-PA explicou que "até o momento, não há decisão judicial que obrigue o pagamento da indenização" por parte da senadora Damares Alves. "O processo judicial está na chamada fase de conhecimento (aqui). No processo, o MPF segue atuando para uma decisão favorável às argumentações e pedidos da instituição (aqui), completou o órgão.
Viralização. Até a tarde desta sexta (71), um post no Instagram tinha mais de 236 mil visualizações, 13,9 mil curtidas e 13,7 mil compartilhamentos.
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