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| - “Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e comida. A esperança média de vida cairá. Espoliada a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres”, lê-se na restante parte da citação que está a ser partilhada nas redes sociais desde há alguns anos.
A citação é corretamente atribuída a Natália Correia – escritora, poeta e antiga deputada à Assembleia da República – que faleceu nesse mesmo ano de 1993?
Sim. Quem o garante é o jornalista e escritor Fernando Dacosta, que ouviu estas palavras saírem da boca de Natália Correia numa noite no Botequim, bar fundado pela poeta, palco de tertúlias na década de 1970 e 1980 de muitos intelectuais portugueses. Estas frases estão aliás inscritas no livro “O Botequim da Liberdade“, que Dacosta publicou em 2013.
Contactado pelo Polígrafo, o escritor começa por contar que “na fase final da sua vida, ou seja, no início da década de 1990, Natália Correia ganhou uma lucidez assustadora, premonitória que confiou aos mais íntimos, nas longas madrugadas do Botequim”.
Dacosta explica que “o mundo que Natália defendera toda a vida, o da cultura, o da dignidade, o da liberdade, o da criatividade, o da afetuosidade iria ruir“. E garante que a poeta lhe confessou que “os tempos que aí vêm serão terríveis“.
O Polígrafo conversou também com Filipa Martins, uma das autoras do documentário “Insubmissa” sobre a vida de Natália Correia, que recorda que a escritora era “bastante céptica em relação à Europa“, nessa altura ainda na forma de Comunidade Económica Europeia (CEE). E salienta que, na década de 1970, Natália Correia escreveu um longo poema sobre a decadência da Europa: “O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro“.
Segundo Martins, a poeta “condenava a secundarização da cultura portuguesa face à europeia“, preferindo a ligação de Portugal “a Espanha e aos países de língua portuguesa” do que à Europa.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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