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| - Destacando num tweet de 24 de julho, o gráfico, com cores e design apelativos, quase deixa prever algo positivo para Portugal que sobressai no topo do que parece ser um ranking. Mas o indicador não é o mais favorável: “Idade estimada em que os jovens deixam a casa dos pais.” De entre os países da União Europeia, Portugal é mesmo apontado como aquele em que mais tarde os jovens abandonaram o “ninho” (como lhe chama o Eurostat, gabinete de estatística da União Europeia), de acordo com dados referentes ao ano de 2021.
O autor do tweet em causa não identificou qualquer fonte para a origem do gráfico (mesmo perante contacto do Polígrafo), mas a imagem contempla a fonte para os dados: o Eurostat.
Apesar de, até ao momento, ainda não ter sido publicado nenhum estudo ou análise sobre a idade média com que os jovens da União Europeia deixam o agregado familiar – o Eurostat prevê fazê-lo a 12 de agosto deste ano, a propósito do “Dia Internacional da Juventude” -, os números referentes ao ano de 2021 já podem ser consultados na base de dados.
A última atualização, feita a 13 de maio deste ano, mostra que Portugal está mesmo no topo da tabela, já que os jovens portugueses deixaram a casa dos pais, no último ano, com uma média de 33,6 anos de idade. São mais 7,1 anos do que a média dos 27 Estados-membros da União Europeia (26,5 anos)
Portugal é seguido de perto pela Croácia, onde os jovens deixam o agregado familiar com 33,3 anos, em média, e pela Sérvia (não integra a União Europeia, ressalve-se), país onde se registou uma idade média de saída de 31,4 anos. É neste terceiro lugar que se regista um desvio face ao gráfico partilhado nas redes sociais, onde a Eslováquia, com uma média associada de 30,9 anos, ainda ocupa o pódio. Esta diferença registada nos dados analisados pelo Polígrafo pode ter origem num desfase temporal de consulta dos números ou numa atualização da média relativa à Sérvia, uma vez que este país nem sequer consta do gráfico difundido nas redes sociais.
Os jovens da Grécia e da Bulgária também registaram, em 2021, uma idade média de saída de casa dos pais superior a 30 anos (30,7 e 30,3, respetivamente). Sem dados disponíveis para pelo menos três países (Montenegro, Macedónia do Norte e Turquia), são a Dinamarca, Finlândia e Suécia que ocupam os últimos lugares do ranking, já que nestes três países os jovens “voam” mais cedo do “ninho”: aos 21,3 anos, 21,2 anos e 19 anos, respetivamente.
Importa salientar que os dados para 2020 colocavam Portugal na 5.ª posição entre os Estados-membros da União Europeia, com os jovens adultos portugueses a deixarem a casa dos pais, em média, aos 30 anos. Esta é uma subida significativa para Portugal, que não pode, por enquanto, ser associada a uma maior percentagem de jovens sem emprego, com menos educação e formação, uma vez que as conclusões do Eurostat ainda não foram divulgadas.
No que respeita a disparidades de género, as mulheres continuam a sair de casa dos pais mais cedo que os homens: a média da União Europeia mostra, por exemplo, que enquanto as mulheres deixaram o agregado familiar aos 25,8 anos, os homens prolongaram a sua estadia até aos 27,2 anos. Em Portugal, a diferença é ainda maior, já que são quase dois os anos que separam a saída dos homens (34,4 anos) e mulheres (32,7 anos) da casa dos pais.
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