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| - “Jorge Mendes foi o convidado de hoje no programa “Você na TV”, onde falou um pouco sobre o seu projeto mais recente, Bitcoin Wealth. Mendes está entre os agentes de futebol mais influentes do mundo, com clientes como Cristiano Ronaldo, David Gea, José Mourinho, Diego Costa, James Rodriguez e João Felix. Ele é frequentemente chamado de “superagente“. Além disso, Mendes se nomeou o Melhor Agente do Ano no Globe Soccer Awards seis vezes consecutivas, de 2010 a 2015.” Este é o primeiro parágrafo de uma “notícia”, publicada no site “Mirror”, onde se apresenta o “último projeto” de Mendes, no qual o conhecido empresário português terá investido 750 milhões de euros.
Que projeto é esse? O autor do artigo responde: Bitcoin Wealth, uma ideia com um conceito ambicioso: “Dar a oportunidade a gente comum de fazer dinheiro com Bitcoin, mesmo que não tenham qualquer experiência em investimentos ou tecnologia.” E continua: “O objetivo principal é de tornar a sociedade portuguesa numa das mais ricas do mundo e devolver algum poder de volta à classe trabalhadora, em vez de ao governo. Para garantir que isto acontece, Mendes criou a Bitcoin Wealth e colocou o americano Marc Gallagher enquanto representante.”
Vários utilizadores do Facebook denunciaram o artigo como potencialmente falso. No âmbito da parceria que mantém com o Facebook para a avaliação da veracidade das informações colocadas a circular naquela rede social, o Polígrafo procede à sua verificação.
Não é a primeira vez que o Polígrafo analisa este tipo de conteúdo, que se replica à exaustão pela internet. A narrativa é sempre a mesma: uma figura pública reconhecidamente bem sucedida investe uma fortuna em bitcoins e apela, através da presença num programa televisivo, aos portugueses para que façam o mesmo.
Neste caso, o programa escolhido é o “Você na TV”. Na presença de Manuel Luís Goucha e de Cristina Ferreira, Jorge Mendes teria declarado o seu entusiasmo desmedido com o investimento, tendo mesmo convencido Goucha a investir 250 euros. “Três minutos depois, o saldo da conta tinha aumentado para 470 euros e com matemática simples entende-se que ganhou 220 euros! Tudo isto enquanto estavam em direto na televisão!”, relata o artigo, que sugere ao leitor que invista uma soma mínima de 250 euros, com a promessa de obter um lucro imediato.
Trata-se, obviamente, de informação falsa. Jorge Mendes não esteve no “Você na TV” para falar de bitcoins – e seguramente que não foi à TVI dialogar com Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira, uma vez que esta última trabalha na SIC desde o início de 2019, depois de vários anos de parceria com Goucha na TVI. Tendo em conta que o artigo tem a data de 29 de setembro de 2019…
Esta publicação contém outros sinais de alerta que apontam para o rótulo de fake news, desde logo a sua página de origem que exibe o logotipo do jornal britânico “Daily Mirror” mas tem um endereço distinto: “truthreport24.com”. A linguagem também é suspeita, parecendo resultar de um programa de tradução automática, com vários erros e algumas expressões em português do Brasil.
São várias as personalidades cuja imagem já foi utilizada para fins fraudulentos relacionados com Bitcoin – até Marcelo Rebelo de Sousa apareceu associado a um falso site da RTP que afirmava que o Presidente da República ia lançar um uma plataforma de investimento automático em Bitcoin. Todos os links dos artigos remetem para a página de uma suposta empresa de Bitcoin, no que aparenta ser um esquema fraudulento. A informação apresentada no artigo é falsa, servindo de chamariz para a promoção da “Bitcoin Revolution” e captação de potenciais investidores. Seguindo os passos sugeridos na página, acabam por ser pedidos dados pessoais e bancários.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam naquela rede social.
Na escala de avaliação do Facebook este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo este conteúdo é:
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