schema:text
| - “Mas foi também o estado da emergência e da intolerância que demonstra bem uma tenda montada à porta desta Assembleia [da República], durante dias e noites em greve de fome, que teve de ser o presidente da Câmara de Lisboa a fazer um suposto ou uma suposta mediação para acabar com o circo que ali estava montado“, ouve-se André Ventura a afirmar no excerto do vídeo em causa.
Ora, concluir a partir desta declaração que André Ventura “acusa protesto de restauração de ser um circo”, num sentido literal e depreciativo, parece ser claramente equívoco e enganador.
Na verdade é uma força de expressão, apontanto para a incapacidade do Governo em dialogar com os participantes na manifestação de empresários da restauração que se prolongou durante quase uma semana. Inserida no devido contexto percebe-se que aquela frase isolada de André Ventura não tinha uma intenção depreciativa ou jocosa.
Aliás, na mesma reunião plenária de 4 de dezembro na Assembleia da República, o líder do Chega defendeu as reivindicações do setor da restauração, nomeadamente ao intervir da seguinte forma: “Dissemos que não deixaríamos ninguém para trás, mas deixámos. Deixámos os idosos nos lares para trás, com taxas de infeção que envergonhariam a maior parte dos países da Europa. Deixámos a restauração e o comércio para trás, com apoios que nem nos países da América do Sul seriam considerados dignos”.
De resto, André Ventura marcou presença numa outra iniciativa de protesto do setor da restauração, no dia 14 de novembro, e tem expressado o seu apoio em diversas ocasiões ao longo das últimas semanas.
Por exemplo, na reunião plenária de 3 de dezembro já tinha feito referência à manifestação em frente à Assembleia da República, criticando o Governo por avançar com um Orçamento do Estado que considerou ser “de combate à restauração“, ou seja, negativo para esse setor que tem sido assolado por uma substancial quebra de atividade desde o início da pandemia de Covid-19.
“O senhor deputado Porfírio Silva disse que este era um Orçamento [do Estado] de combate. E é… É um Orçamento de combate à restauração, ao comércio e ao turismo. De tal forma que ainda não conseguiram resolver um simples protesto que está à frente da Assembleia da República, há não sei quantos dias. É esse o Orçamento de combate que têm”, declarou então o deputado do Chega.
Pelo que concluímos que a publicação em causa apresenta uma declaração descontextualizada de André Ventura, sugerindo uma interpretação equívoca e enganadora.
__________________________________________
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
|