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  • “Alerta: Não adiras a evento organizado por fascistas (já com 35.000 pessoas)”. Este aviso foi publicado num blogue e está a circular nas redes sociais. “Vejo muitos amigos meus, que sei serem democratas, a aderir a um evento com o nome ‘Vamos Parar Portugal Como Forma de Protesto‘. Utiliza a imagética dos ‘coletes amarelos’ franceses e uma linguagem aparentemente inócua. Mas se fizerem uma pequena pesquisa nos perfis dos organizadores, rapidamente percebem a origem: nacionalistas e neo-fascistas“, denuncia o texto em causa. “Não se deixem manipular pela extrema-direita. Informem-se, pesquisem, antes de aderir a eventos. Não entrem no jogo do inimigo!” O evento “Vamos Parar Portugal Como Forma de Protesto”, criado na rede social Facebook, já tem 10 mil pessoas a indicarem que vão e 40 mil pessoas interessadas no mesmo. Trata-se de uma manifestação agendada para o dia 21 de dezembro, em Portugal, mimetizando o movimento dos “coletes amarelos” em França. Aliás, de acordo com os organizadores, “não é nenhuma manifestação, isso já fazem 200 por ano e nada é feito! Isto é um bloqueio! Um protesto! Uma revolta do povo unido até o povo ser ouvido!” Na mensagem de promoção do evento sublinha-se que “somos um dos países que recebe menos e paga mais impostos, etc., e ficamos caladinhos como sempre. Temos países a receber o dobro de nós, assim que existe algo que não agrade, reclamam, exigem, protestam até serem ouvidos, e nós portugueses? Chega, vamos dizer basta ao aumento dos combustíveis, portagens e tudo o resto que está mal!” É um evento “organizado por fascistas“? De facto, três dos seis organizadores têm publicações de cariz extremista e xenófobo nas respetivas páginas no Facebook. Desde mensagens de apoio a Jair Bolsonaro no Brasil até demonstrações de saudosismo pelo regime de António de Oliveira Salazar em Portugal, passando por apelos à adesão ao movimento de André Ventura, Chega!, o qual defende “trabalho obrigatório nas prisões” e “castração química de pedófilos”, por exemplo. Tal como a publicação no blogue denuncia, mostrando imagens dessas publicações que são verdadeiras. Mais, este evento tem sido promovido na página do Partido Nacional Renovador (PNR) no Facebook, com mensagens de incentivo à replicação dos protestos dos “coletes amarelos” em Portugal. O PNR é um partido de extrema-direita, isso é irrefutável. Mas, pelo menos do ponto de vista formal, não é considerado como “fascista”. Aliás, no Artigo 46º (Liberdade de associação) da Constituição da República Portuguesa, estipula-se que “não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista”. Ora, o PNR é um partido legal e tem participado nas demais eleições, pelo que as autoridades não consideram que perfilhe “a ideologia fascista”. Alguns dos organizadores difundem mensagens de extrema-direita e xenófobas, mas não podemos concluir que sejam fascistas (no sentido menos lato do conceito) e não encontramos qualquer ligação a movimentos políticos organizados. Por outro lado, o PNR também tem promovido um outro evento, “Bloqueio A1 dia 21 de Dezembro às 7 da Manhã“, no Porto, organizado pelo Movimento Armilar Lusitano, em cuja página encontramos várias publicações de cariz extremista, racista, xenófobo e até fascista, neste caso sem aspas. O evento tem sido promovido na página do Partido Nacional Renovador (PNR) no Facebook, com mensagens de incentivo à replicação dos protestos dos “coletes amarelos” em Portugal. O PNR é um partido de extrema-direita, isso é irrefutável. Mas, pelo menos do ponto de vista formal, não é considerado como “fascista”. Retomando a questão inicial: trata-se de um evento “organizado por fascistas?” Alguns dos organizadores difundem mensagens de extrema-direita e xenófobas, mas não podemos concluir que sejam fascistas (no sentido menos lato do conceito) e não encontramos qualquer ligação a movimentos políticos organizados. Mais, na mensagem de promoção do evento, os organizadores salientam que “não queremos faltas de respeito, xenofobia, racismo! Não vamos para lá com tintas, armas, fogo, etc.! Vamos ser civilizados para não deitarmos tudo a perder”. Parece ser evidente a colagem do PNR e outros movimentos de extrema-direita a tentativas de replicação dos protestos dos “coletes amarelos” em Portugal. Aliás, tal como em França também a extrema-direita de Marine Le Pen, e a extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon, procuraram retirar dividendos políticos das manifestações. No que concerne à manifestação “Vamos Parar Portugal Como Forma de Protesto”, três dos seis organizadores têm ideias extremistas, mas não há ligações visíveis ao PNR ou outros movimentos políticos organizados. Não é, por isso, seguro afirmar que está ser organizada por “fascistas”. Avaliação do Polígrafo:
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