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| - “A Universidade de Harvard, que não tem nada de conservadora, divulgou recentemente um estudo que comprova que, quanto mais armas os indivíduos de uma nação têm, menor é a criminalidade“, salienta-se na publicação em questão.
E prossegue: “Em outras palavras, há uma robusta correlação positiva entre mais armas e menos crimes. Isso é exatamente o oposto do que a mídia quer nos fazer acreditar. Mas o fato é que tal correlação faz sentido, e o motivo é bem intuitivo: nenhum criminoso gostaria de levar um tiro”.
Confirma-se a informação? Verificação de factos.
O “estudo” citado no artigo, intitulado “Would Banning Firearms Reduce Murder and Suicide?” (ou, em português, “A proibição das armas de fogo reduziria homicídios e suicídios?”) foi redigido por Don Kates e Gary Mauser e publicado numa revista jurídica, a “Harvard Journal of Law & Public Policy“.
Este periódico descreve-se como sendo “uma das maiores revistas jurídicas redigidas por estudantes e o maior simpósio nacional para bolsas de estudo conservadoras e liberais”. Os artigos ali publicados, como sublinha a plataforma de fact-checking Snopes, não podem ser equiparados a estudos, que são sempre submetidos a escrutínios académicos rigorosos.
O Diretor do Centro de Pesquisa de Controle de Lesões de Harvard, David Hemenway, apontou diversas falhas ao artigo: “Não parece ser um artigo revisto por pares, ou em busca da verdade. Não é um artigo científico, mas uma polémica, ao afirmar que a disponibilidade de armas não afeta homicídios ou suicídios. Ao fazê-lo, os autores ignoram a maior parte da literatura científica e fazem várias afirmações incorretas e ilógicas.”
Segundo a Snopes, os autores apontaram que dois grandes estudos que foram feitos pelo Governo não conseguiram concluir que as medidas de controlo de armas afetavam a criminalidade. Contudo, não correspondia à verdade. Um desses estudos (Firearms and Violence – A Critical Review) apontava sim para uma insuficiência de dados relativos à política do porte de armas.
“Os estudos e dados de pesquisa existentes incluem uma riqueza de informações descritivas sobre homicídios, suicídios e armas de fogo, mas, devido às limitações dos dados e métodos existentes, não demonstram com credibilidade uma relação causal entre a posse de armas de fogo e as causas ou prevenção de violência criminal ou suicídio”, pode ler-se no livro em questão, disponível aqui.
Em suma, o que se assume como sendo um estudo, nada mais que é um artigo publicado numa revista jurídica. Ao ser apelidado de estudo está a promover uma legitimidade científica que não possui e a difundir desinformação.
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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