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| - Na abertura da entrevista à TVI e à CNN Portugal, transmitida ontem à noite, António Costa afirmou que “estamos todos em guerra” e que é este o motivo para o “atraso na recuperação”, bem como para a “pressão sobre os preços” da energia e da alimentação, decisivos para a inflação elevada que se faz sentir.
No Twitter, Carlos Guimarães Pinto, deputado da Iniciativa Liberal na Assembleia da República, reagiu às palavras do primeiro-ministro: “A inflação, especialmente inesperada, é uma tragédia para muitos, mas não se compara a uma pandemia ou uma guerra, nem desculpa má governação”, assinalou.
O liberal recuou ainda ao período de governação de Cavaco Silva para sublinhar que este esteve à frente do país “com inflações superiores à deste ano em 8 dos 10 anos no poder” e que, mesmo assim, “o país cresceu e convergiu com a UE nesse período”.
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Será?
Cavaco Silva governou de 1985 a 1995, nos X, XI e XII Governos Constitucionais. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) compilados na Pordata, Cavaco iniciou a governação em 1985 com uma taxa de inflação de 19,5%. Nos dois anos seguintes, o indicador reduziu até à taxa de 9,7%.
A partir de 1988, a tendência da inflação foi de aumento, até atingir um novo máximo de 13,6% em 1990. Na década de 90, Cavaco Silva assistiu a um gradual decréscimo da taxa de inflação e abandonou o Executivo, em 1995, com uma inflação em queda, situada nos 4,2%.
A taxa de inflação atual recuou para 8,9% em agosto, ficando abaixo dos 9% inicialmente estimados pelo INE e do valor registado em Julho, quando a variação homóloga dos preços chegou aos 9,1%. Contactado pelo Polígrafo, Carlos Guimarães Pinto explicou que nesta análise teve em consideração o cenário de inflação de 7,4% até ao final do ano, avançado por António Costa na entrevista à TVI.
Tomando como referência qualquer um dos dois valores – 8,9% ou 7,4% – a afirmação de Guimarães Pinto é verdadeira, uma vez que só em 1993 (6,8%) e em 1994 (5,4%), anos completos da governação de Cavaco Silva, se registaram taxas de inflação inferiores à que agora se verifica.
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