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  • A primeira vez que assistiu a uma sessão de cinema – viu “Shane”, de 1953, protagonizado por Jack Palance – foi ao colo de Billie Holiday. Aquela que foi – é – uma das vozes maiores do jazz acabaria por se cruzar com o ator durante a sua infância, quando se tornou presença assídua na casa do seu pai, Jack Crystal. Jack tinha uma loja de discos em Manhattan, na Rua 42, e agenciava artistas de jazz. Acabaria por fundar, com o seu cunhado, Milt Gabler, a Commodore Records. E foi neste ponto da história que os caminhos dos Crystal, pai e filho, se cruzaram com o de Billie Holiday. E o que originou este o encontro foi uma atuação ao vivo em particular, numa noite de 1939, em Nova Iorque, no palco do Cafe Society – club que foi o primeiro entre os seus pares a não selecionar racialmente os seus frequentadores. O proprietário daquele espaço convenceu Billie Holiday a cantar o tema “Strange Fruit”, uma canção escrita por um professor judeu sobre os linchamentos raciais, e tudo mudou. Depois de cantar ao vivo “Strange Fruit”, que acabaria por tornar-se hino luta pelos Direitos Civis, Holiday fez questão de gravar a canção em disco. Mas a sua editora de então, a Columbia Records, recusou-se, por considerar o tema demasiado inflamatório. Grabler, amigo de Holiday, ouviu uma versão acapella e não teve dúvidas. Decidiu produzir a canção e a sua Commodore Records editou o disco – e a maioria dos êxitos de Holiday nos 10 anos seguintes. A proximidade de Milt e do seu sócio, levou Holiday a tornar-se presença assídua na casa de Jack Crystal e, ocasionalmente, tomava conta do seu filho, Billy. Esta é uma história que o próprio Billy Crystal revelou no primeiro episódio da sua série “700 Sundays”, do canal HBO (um espetáculo que, antes, tinha protagonizado na Broadway) e que o site “Women in the World”, fundado e liderado pela jornalista Tina Brown (ex-chefe de redação da Vanity Fair, e da The New Yorker), também relata. Uma nota para o espetáculo “700 Sundays”, 700 domingos, em português, que são tantos quantos Crystal teve oportunidade de passar com o pai, que morreu quando tinha apenas 15 anos. Jack Crystal trabalhava, durante a semana, na sua loja de discos e, ao sábado, estava envolvido em sessões de jazz. Restava-lhe o domingo para dedicar à família. É esta a origem do título da série onde Crystal remexe nas suas memórias para trazer ao palco – e ao pequeno ecrã – histórias e personagens que têm – ou tiveram – consigo uma proximidade extrema, transformando essa viagem autobiográfica em momentos hilariantes. E curiosos, como o facto de ter sido acompanhado, em criança, por uma voz única e incontornável da música, seja qual for o género. Avaliação do Polígrafo:
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