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| - “Comando da PSP de Faro quer agentes a trabalhar nas obras para recuperar instalações em Lagos e Tavira que irão receber elementos do Corpo de Intervenção no Verão”, destaca-se no post de 15 de março no Facebook, para depois concluir em tom crítico e irónico: “Então que sejam colocados serventes e pedreiros a patrulhar as ruas.”
Na caixa de comentários há quem peça “respeito” pelas forças policiais, ou quem sublinhe que um caso destes só pode acontecer “neste país”.
Mas será que o Comando da PSP de Faro quer mesmo colocar “agentes a trabalhar nas obras”?
Sim. O Polígrafo teve acesso ao e-mail que foi enviado aos comandantes das esquadras de Lagos e Tavira pelo segundo-comandante distrital da PSP de Faro, intendente Carlos Miguel Domingues Anastácio.
“A partir do dia 13 de junho teremos previsivelmente duas equipas do Corpo de lntervenção alojadas em Lagos e em 1 julho teremos previsivelmente uma equipa do Corpo de Intervenção alojada em Tavira”, começa por se informar no texto. Posto isto, o segundo-comandante pede que se verifique “se as instalações estão aptas dentro do razoável para receber este efetivo que foi o Comando que solicitou e que se coordene “com o Chefe da Área de Apoio eventuais aquisições a efetuar“.
Segue-se a passagem mais controversa do e-mail, em que Domingues Anastácio indica aos comandantes que “a mão-de-obra será preferencialmente dentro do vosso efetivo, que deverão aliciar usando a vossa magistratura de influência. Isto claro também se aplica a pequenas reparações nas outras instalações, a situação do Corpo de Intervenção é mais delicada porque vão viver nas instalações e são convidados pelo Comando, no entanto sabemos todos da dificuldade de agilizar os procedimentos, pelo que a forma mais viável é adquirir material através do fundo de maneio e ‘convencer‘ a nossa mão-de-obra (cerca de 400 em Faro e 200 em Portimão) a dar uma ajuda“.
Este pedido do Comando de Faro não foi visto com bons olhos pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) que enviou um ofício ao Diretor Nacional da PSP, Manuel Magina da Silva, a manifestar “repúdio” pela situação e apelando à anulação das intruções dadas pelo Comando da PSP de Faro.
“A ASPP/PSP não pode deixar de demonstrar o seu repúdio pelo conteúdo deste e-mail, não pode deixar de demonstrar a total oposição pela abordagem que permite considerar a um Oficial de Polícia, que os polícias poderão ser mão-de-obra para serviços de construção civil e apela, ainda, ao senhor Diretor Nacional para que use a sua magistratura de comando, disciplina e liderança, no sentido, não só de anular tal pretensão, como, exerça a sua competência a todos os níveis, no sentido responsabilizar quem age desta forma“, lê-se no ofício a que o Polígrafo teve acesso.
Contactado pelo Polígrafo, o Comando da PSP de Faro limitou-se a confirmar a veracidade do e-mail, sem prestar mais esclarecimentos. Ou seja, não respondendo às seguintes perguntas: “A que se referem com ‘dar uma ajuda’? O trabalho dos agentes seria voluntário ou seriam mobilizados para estas obras? Que tipo de trabalho fariam os agentes?”.
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Avaliação do Polígrafo:
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