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| - Beber água diariamente é uma prática que melhora a saúde. Entre metade e dois terços do peso médio de uma pessoa é água e, por isso, é importante manter os níveis de hidratação. No entanto, a água é também um elemento que é muito suscetível à contaminação e à poluição, podendo estar na origem de diferentes doenças.
O elemento contaminante pode resultar de vários fatores, seja o tratamento deficitário dos dejetos humanos e animais, a prática industrial e agrícola, o tratamento e distribuição da água ou até mesmo ter origem natural. “Se a água potável contiver níveis perigosos de contaminantes, pode causar efeitos na saúde, tal como doença gastrointestinal, do sistema nervoso ou efeitos na reprodução, e doença crónica tal como cancro. Fatores que podem influenciar se a contaminação irá causar efeitos na saúde incluem o tipo de contaminação, a sua concentração na água, a suscetibilidade individual, a quantidade da água consumida e a duração da exposição”, explica a Agência norte-americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla inglesa).
Existem dois tipos de efeitos: os relacionados com a exposição a químicos e os causados por micróbios. A exposição a doses elevadas de químicos pode levar a “descoloração da pele ou problemas mais severos, como danos no sistema nervoso ou órgãos e efeitos no desenvolvimento ou na reprodução”, enquanto doses mais baixas podem levar ao aparecimento de cancro, caso haja uma exposição longa ao contaminante.
Por outro lado, a contaminação por micróbios – sejam vírus, bactérias ou parasitas – pode resultar “em dores de estômago, vómitos, diarreia, dores de cabeça, febre e falha dos rins”. O indivíduo poderá também contrair hepatite e outras doenças virais ou bacterianas. Para pessoas que tenham o sistema imunitário mais debilitado, devido à idade ou devido a doenças que comprometem as defesas, a contaminação da água poderá ser fatal.
Segundo o Centro norte-americano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla inglesa), entre 1971 e 2010, os principais surtos públicos associados a sistemas hídricos foram, por ordem de ocorrência, “Giardia, Legionella, Norovirus, Shigella, Campylobacter, cobre, salmonelas, hepatite A, Crptosporidium e E. Colo e excesso de flúor (empate)”.
Entre 2013 e 2014 – o relatório mais recente do CDC – foram registados 42 surtos relacionados com o consumo de água, provocando 1.006 casos de doença, dos quais resultaram 124 hospitalizações e 13 mortes. A legionella correspondeu a 57% dos surtos identificados.
Em Portugal, foram registados recentemente dois surtos de legionella: um em Vila Franca de Xira, em 2020, provocando a morte a 14 pessoas, e outro no Grande Porto, em 2021, que fez 15 mortos. “A água de superfície e os aquíferos podem ser contaminados por vários químicos, micróbios e radionuclídeos. A desinfeção da água potável reduziu dramaticamente a prevalência de doenças transmitidas pela água (como a febre tifóide, a cólera e a hepatite) nos Estados Unidos”, explica a EPA.
Segundo a Águas de Portugal, “98,65% da água que chega às torneiras dos consumidores é controlada e de boa qualidade”. O mapa de monitorização da qualidade da água da Entidade Reguladora de Serviços de Água e Resíduos mostra que, em 2020, a grande maioria dos municípios tinham nível “bom” no que à segurança da água diz respeito.
Nos países desenvolvidos, o controlo da qualidade de água é monitorizado por entidades reguladoras. Na Europa, a região belga de Flandres, o norte da Alemanha e a Holanda são as zonas mais preocupantes, onde 90% das superfícies hídricas apresentam uma classificação abaixo de bom, segundo dados divulgados pela Agência Europeia do Ambiente (EEA, na sigla inglesa).
Em Portugal, as regiões da Beira Baixa, Ribatejo, Estremadura e Alentejo (litoral e central) tem entre 50 e 60% das superfícies hídricas – rios, lagos, águas de transição e costeiras – com classificação abaixo de “bom”, enquanto o Alentejo interior apresenta entre 60 e 70% da água nesta situação.
Segundo a Águas de Portugal, “98,65% da água que chega às torneiras dos consumidores é controlada e de boa qualidade”. O mapa de monitorização da qualidade da água da Entidade Reguladora de Serviços de Água e Resíduos mostra que, em 2020, a grande maioria dos municípios tinham nível “bom” no que à segurança da água diz respeito.
No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que “pelo menos dois mil milhões de pessoas utilizam uma fonte de água para consumo contaminada com fezes” e a “785 milhões de pessoas falta um serviço básico de água potável”. A OMS estima que até 2025, metade do mundo viva num ambiente com falta de recursos hídricos.
Concluindo: existem componentes – químicos e microbiológicos – que podem contaminar a água e provocar doenças. No entanto, nos países desenvolvidos como os Estados Unidos e a Europa, a água é tratada para reduzir o risco de propagar infeções. Em Portugal, 98,65% da água canalizada é de boa qualidade.
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Avaliação do Polígrafo:
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