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  • “Enquanto você se distrai com a invasão da Rússia, o governo do Reino Unido divulgou um relatório confirmando que os totalmente vacinados agora representam nove em cada 10 mortes por Covid-19 em Inglaterra”, comenta o autor de uma publicação no Instagram, datada de 1 de março. Além do texto, é partilhado um gráfico com cinco colunas que representam um estado diferente de vacinação: não vacinados, vacinados com uma dose, vacinados com duas doses, vacinados com três doses e a soma de todos os vacinados. O post apresenta como fonte o relatório de monitorização da vacina contra a Covid-19, publicado pela Agência de Segurança de Saúde britânica a 24 de fevereiro de 2022. Serão estes dados autênticos? O Polígrafo analisou o documento em causa e encontrou as estatísticas que foram utilizadas para criar este gráfico. A tabela apresenta dados sobre as mortes por Covid-19, num prazo de 28 ou 60 dias desde a identificação do vírus, divididas por estado vacinal e por faixa etária das vítimas. Estes números dizem respeito ao período entre a quarta e a sétima semana, ou seja, de 24 de janeiro a 20 de fevereiro. Ao somarmos os dados indicados na tabela encontramos os mesmos valores que estão a ser divulgados no gráfico: - Mortes em não vacinados – 559 - Mortes com uma dose de vacina – 147 - Mortes com duas doses de vacina – 1035 - Mortes com três doses de vacina – 3120 - Total de óbitos registados entre pessoas vacinadas – 4302 Apesar de os números estarem corretos, o autor da publicação sob análise deixou de parte uma nota importante do relatório: “No contexto de uma cobertura vacinal muito elevada na população, mesmo com uma alta efetividade da vacina, é expectável que uma larga proporção de casos, hospitalizações e mortes ocorra em indivíduos vacinados, simplesmente porque há uma proporção maior da população que está vacinada do que a que não vacinada e nenhuma vacina é 100% eficaz.” Até ao dia 20 de fevereiro, 69,4% da população do Reino Unido tinha pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 e 64,7% tinha recebido a segunda dose. Quanto à dose de reforço – também identificada como terceira dose – já tinha sido administrada a 50,1% da população. As faixas etárias mais idosas são as que apresentam maior cobertura vacinal. As autoridades de saúde britânicas consideram que a administração de três doses tem demonstrado “elevados níveis de proteção (acima de 90%)” na infeção pelas variantes Alpha e Delta e avançam que a administração da terceira dose faz subir a efetividade da vacina na prevenção da mortalidade de 59% (25 semanas depois da administração da segunda dose) para 95% (duas semanas depois da administração da terceira dose). Também os dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas do Reino Unido mostram a diferença entre o número de óbitos registado entre utentes com duas ou três doses administradas e cidadãos não vacinados ou que têm apenas uma dose da vacina. Os primeiros apresentam números de vítimas mortais mais baixos. “O risco de morte envolvendo Covid-19 na segunda parte de 2021 (julho a dezembro) foi 93,4% mais baixo para pessoas com a terceira dose da vacina [administrada] pelo menos 21 dias antes, comparado com pessoas não vacinadas. Para pessoas que receberam a segunda dose da vacina pelo menos 21 dias antes, o risco de morte envolvendo Covid-19 na segunda parte de 2021 foi 81,2% mais baixa do que as pessoas não vacinadas. Na primeira parte de 2021 (janeiro a junho) foi 99,5% mais baixo”. No entanto, o relatório alerta que estes dados estatísticos “não podem ser usados para determinar a efetividade da vacina”, uma vez que existem características diferentes entre as pessoas vacinadas e não vacinadas que não estão a ser tidas em conta nesta análise, nomeadamente o estado de saúde de cada paciente. “Algumas mortes são expectáveis em indivíduos vacinados uma vez que o número de pessoas vacinadas é elevado e nenhuma vacina é 100% eficaz.” Concluindo: apesar de os números utilizados no gráfico corresponderem aos dados divulgados pelas autoridades britânicas, a informação veiculada na publicação está descontextualizada e induz em erro o leitor. Com explicam os autores do relatório citado, a ocorrência de mais mortes entre a população com esquema vacinal completo é justificada pela elevada taxa vacinal no país. As autoridades de saúde britânicas lembram ainda que “nenhuma vacina é 100% eficaz”. ___________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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