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| - Uma turista a posar junto da Torre Eiffel, em Paris. Este é o primeiro frame de um vídeo que está a ser partilhado de forma viral no TikTok. Logo nos primeiros segundos da gravação, observa-se o monumento icónico a ser alvo de uma forte explosão. Os restantes clipes mostram outros ângulos do mesmo ataque e explosões noutros pontos da cidade francesa. São também visíveis vários caças a sobrevoar o local. O desespero e pânico de quem está a captar os vídeos é audível.
Num dos posts em que o vídeo é divulgado, é apenas partilhada uma série de hashtags, em língua inglesa e francesa, tais como, “#paris”,”#guerre” “#ukraineinvasion” e “#bombardement”.
A plataforma de verificação de factos da AFP já verificou as publicações em que a gravação surge e constatou que estão a propagar desinformação, ao descontextualizar o que não passa, afinal, de um vídeo puramente ficcional e que, na sua versão original, está sinalizado como tal.
A versão completa do vídeo foi partilhada, no dia 11 de março, pela conta oficial de Twitter do Ministério da Defesa da Ucrânia. “A famosa Torre Eiffel, em Paris, ou o Portão de Brandemburgo, em Berlim, permaneceriam sob bombardeio interminável das tropas russas? Acha que isto não lhe diz respeito? Hoje é a Ucrânia, amanhã será toda a Europa. A Rússia não vai parar por nada”, lê-se na descrição do tweet do ministério ucraniano.
[twitter url=”https://twitter.com/ua_parliament/status/1502402021386858504″/]
No final do vídeo, surge a seguinte mensagem:”Apenas imagine se isto acontecesse noutra capital europeia”. E de seguida, é apresentada uma citação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em que este apela: “Vamos lutar até ao fim. Dêem-nos uma oportunidade de viver. Fechem o espaço aéreo sobre a Ucrânia ou dêem-nos aviões de guerra”.
Nas primeiras semanas de guerra, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, no dia 24 de fevereiro, Zelensky pediu à NATO a criação de uma zona de exclusão aérea sobre o seu país. O pedido foi recusado nessa altura e tem sido sucessivamente recusado desde então pela aliança do Atlântico Norte, com a justificação do receio num confronto direto com Moscovo, que poderia agravar-se para um conflito mais alargado. “Pensamos que, se fizermos isso, vamos acabar por ter algo que pode tornar-se numa guerra total na Europa, envolvendo muitos outros países e causando muito mais sofrimento humano”, afirmou Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO.
O vídeo em causa serviu precisamente para divulgar o apelo ucraniano, foi ainda partilhado por outros membros do Governo ucraniano, tal como o ministro da Cultura e Política de Informação do país.
Mas quem é o autor do vídeo?
Segundo o jornal “Le Monde“, o vídeo foi criado por Olias Barco, guionista, diretor e produtor de cinema francês radicado em Kiev. Em entrevista ao jornal francês, Barco explicou que o vídeo foi filmado em Paris e editado na Ucrânia, com a colaboração de uma grande empresa francesa especializada em efeitos especiais que o produtor não quis identificar.
“Queria destacar os monumentos parisienses mantendo a forma de filmar específica para as redes sociais, para mostrar que isto poderia mesmo acontecer em Paris. As pessoas com quem trabalho e moro estão a cair uma após a outra porque o céu está cheio de mísseis e ninguém está a fazer nada. Fiz este filme com raiva. Temos que intervir, temos que fechar este maldito céu”, disse o produtor de cinema francês.
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Avaliação do Polígrafo:
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