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| - “O que é que Will Smith, Jada Smith, Chris Rock e a indústria dos media e farmacêutica têm em comum? Quatro dias antes da festa dos Óscares, a Pfizer anunciou resultados positivos de um novo medicamento que está na fase 3 dos testes, chamado Etrasimod. Este medicamento é para uma doença de queda de cabelo chamada alopecia. Não por acaso, a esposa do vencedor de um Óscar tem essa mesma doença. Não por acaso, a Pfizer é um patrocinador dos Óscares“. Estas são as principais conclusões de um post de 30 de março, divulgado no Facebook.
Todas estas suspeitas levam a uma outra, quase óbvia: “Depois do ocorrido, mais de dois milhões de pessoas foram para o Google e pesquisaram sobre o que é esta doença. E até as ações da Pfizer valorizaram. Neste exato momento, todos os grandes sites estão a explicar às pessoas como é que funciona esta doença.”
“Se foi uma estratégia, foi muito bem planeada. Isto e ter os astros (de Hollywood) alinhados para te promover. A indústria farmacêutica é brilhante, agressiva e predadora (…)”, conclui-se na publicação, que não é a única a alegar que o confronto entre Will Smith e Chris Rock na 94.ª edição dos Óscares foi mesmo planeado pela Pfizer para promover um novo medicamento.
Ora, a história corre as redes sociais desde a madrugada desta segunda-feira, 28 de março, quando Will Smith reagiu violentamente a uma piada de Chris Rock, apresentador de um segmento da cerimónia de entrega dos Óscares de 2022, sobre a ausência de cabelo da sua companheira, provocada pela alopecia. Da “brincadeira” com Jada Pinkett Smith, mulher de Will Smith, que acabou por levar um Óscar para casa na mesma noite, resultou um estalo, choro, pedidos de desculpa e um episódio que ficará na história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Na realidade, a Pfizer não comercializa, ainda, medicamentos para a alopecia, ou pelo menos até que estejam prontos para serem colocados no mercado em breve. A empresa detém, sim, dois medicamentos – Ritlecitinib e Etrasimod – em desenvolvimento para o tratamento da doença. Mas não é verdade que algum deles vá estar disponível para venda ao público num futuro próximo.
A 29 de março, de facto, a Pfizer anunciou “resultados positivos de primeira linha de um segundo estudo da fase 3 do etrasimode”, tal como afirma a publicação em análise, mas não se prevê que o Etrasimod seja aprovado para utilização na alopecia areata até, pelo menos, ao ano de 2028.
Além disso, também não está prevista a aprovação regulatória do Ritlecitinib pelo menos até 2023, de acordo com uma apresentação da empresa farmacêutica norte-americana, realizada em dezembro de 2021, perante os seus investidores. O Ritlecitinib “concluiu com sucesso os ensaios da fase 2b/3 em agosto de 2021 para pacientes com alopecia areata”, o que levou a Pfizer a anunciar, à data, que os dados do teste iriam formar “a base para futuros registos regulatórios planeados”.
Quanto a uma possível encenação, vários órgãos de comunicação social já garantiram que não há evidências que comprovem tal alegação. Aliás, Will Smith já se pronunciou sobre o episódio e endereçou as suas desculpas a Chris Rock através de uma publicação no Instagram.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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