schema:text
| - “Sei que estamos a limitar e a atacar os direitos fundamentais e que a Constituição não o permite, mas vamos continuar a fazê-lo.” Esta é a frase de Justin Trudeau, registada num vídeo de 25 segundos, que tem sido partilhada nas redes sociais por vários internautas.
Segundo estas imagens, legendadas em espanhol e com referência a um site sobre “Ciência e Saúde Natural” conhecido por espalhar desinformação sobre saúde, as declarações do primeiro-ministro do Canadá foram proferidas no Fórum Económico Mundial e põem em causa as liberdades e garantias dos cidadãos.
A informação é verdadeira?
Não. Apesar de o vídeo ser autêntico, as declarações foram retiradas do contexto e as imagens estão estrategicamente cortadas para não se perceber a que se referia Justin Trudeau quando as proferiu.
Em primeiro lugar, o primeiro-ministro do Canadá disse esta frase durante uma entrevista à agência de notícias nacional canadense “The Canadian Press”, em Ottawa, e não durante o Fórum Económico Mundial, como alega o vídeo.
Depois, importa esclarecer que esta frase foi cortada e retirada do contexto, uma vez que Trudeau se referia ao facto de ser contra uma cláusula da secção 33 da Carta de Direitos e Liberdades, que faz parte da Constituição do país, defendendo que esta “não é lá grande coisa” precisamente por, na sua perspetiva, permitir a violação de direitos fundamentais.
Como se pode ver no vídeo da entrevista original, partilhado no portal de notícias Yahoo!, a declaração completa do primeiro-ministro canadiano pretendia dizer exatamente o contrário do que foi interpretado pelos internautas que viram a declaração cortada.
Para Trudeau, a cláusula conhecida como “notwithstanding clause” (cláusula de não oposição, em inglês) permite que um governo diga: “independentemente do facto de estarmos a atacar direitos fundamentais ou a limitar direitos fundamentais, e a carta diz que isso está errado, vamos seguir em frente e fazê-lo”.
Logo de seguida, o governante acrescentou que esta cláusula “é basicamente uma brecha que permite que uma maioria anule os direitos fundamentais de uma minoria” e concluía ser por isso que concordava com o seu pai sobre o facto de esta cláusula “não ser lá grande coisa para se ter numa Carta de Direitos e Liberdades.”
Estas declarações surgiram na sequência de um caso mediático relativo a uma professora que foi proibida de dar aulas por usar hijab no Quebec devido a uma lei da província (“Bill 21”) que proíbe funcionários públicos de usar símbolos religiosos no trabalho.
___________________________________
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Adulterado: conteúdos de imagem, áudio ou vídeo que tenham sido editados ou sintetizados para além dos ajustes de clareza ou qualidade de formas que podem induzir as pessoas em erro; esta definição inclui emendas, mas não excertos dos conteúdos multimédia ou a apresentação de conteúdos multimédia fora do contexto; ao abrigo dos nossos Padrões da Comunidade, também removemos determinados vídeos manipulados produzidos por inteligência artificial ou aprendizagem automática e que provavelmente induziriam uma pessoa comum a acreditar que o interveniente do vídeo proferiu palavras que realmente não disse.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
|