schema:text
| - No dia 11 de fevereiro, a Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma atualização da norma sobre o rastreio de contactos, no âmbito da pandemia de Covid-19, na qual não é indicado qualquer limite de idade para a realização dos testes PCR. Mais, dois especialistas questionados pelo Polígrafo asseguram que a realização de testes com recurso a zaragatoas não causam qualquer lesão nos bebés e crianças.
“Não existe nenhum limite etário. Trata-se apenas da recolha de material, não provoca dano. O único problema que vejo, em idade pediátrica, é a necessidade de enfiar uma zaragatoa no nariz e, como as estruturas são mais frágeis, tem de se ter mais cuidado para não fazer nenhuma lesão. Mas, tirando isso, não tem problema nenhum“, afirma Tiago Proença dos Santos, neuropediatra no Hospital de Santa Maria, Lisboa, e membro da direção da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria. “São feitos até em recém-nascidos“, sublinha.
Os testes de PCR consistem em analisar em laboratório uma amostra retirada da cavidade da orofaringe – no nariz e parte superior da garganta – onde se aloja o vírus. O processo é similar ao realizado nos adultos, podendo diferir, no caso das crianças, o tamanho da zaragatoa utilizada para captar a amostra.
Por sua vez, Cátia Caneiras, representante da Comissão de Infeciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, explica ao Polígrafo que “não há lesão nem há qualquer malefício para a criança ao fazer o teste PCR. Não há evidência de qualquer dano que seja causado à criança, porque a zaragatoa é colocada apenas ao nível da orofaringe“.
Ainda assim Caneiras reconhece que “o desconforto é muito grande” e, por isso, a realização destes testes em infantes é ponderada de forma diferente do que em adultos.
“Sabemos que a Covid-19 não tem o mesmo grau de severidade em todas as faixas etárias e que, em especial nas crianças até aos 10 anos, a incidência é menor e a severidade da doença também é inferior“, salienta a pneumologista. Como tal, a testagem só é realizada em casos realmente necessários. “Sendo um teste invasivo, há sempre o bom senso de se ponderar se efetivamente tem de ser realizado em crianças. Isto é ponderado pelas autoridades de saúde quando é feito o seguimento ou a caracterização dos contactos de risco”.
O desconforto associado à realização dos testes PCR em crianças e idosos, aliás, motivou uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro a desenvolver uma técnica de testagem em que é utilizada a saliva como amostra, tornando mais simples a realização do teste.
Manuel Santos, diretor do Instituto de Biomedicina da Universidade de Aveiro, no âmbito do programa “Futuro Hoje“, da SIC Notícias, explicou que estes testes, além de menos invasivos, podem ser mais eficazes “no sentido em que a zaragatoa nem sempre chega à nasofaringe, principalmente nas crianças e nas pessoas idosas em que há um desconforto significativo”.
Este projeto dos investigadores portugueses identifica a presença de três genes nas amostras de saliva – um gene humano e dois virais -, sendo que o resultado negativo surge quando apenas é ampliado o gene humano.
Também a Universidade do Algarve está a estudar a possibilidade de realizar testes com saliva como amostra. Em declarações à Agência Lusa, Clévio Nóbrega, do Centro de Investigação em Biomedicina, destacou que com a nova testagem pretende-se validar diferentes métodos de amostras, conferindo especial atenção a “crianças e pessoas com algumas patologias”. Este método ainda não está disponível porque “é necessária a autorização” do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Em conclusão, os testes baseados em amostras nasofaríngeas são realizados em crianças de todas as idades e não causam qualquer dano. No entanto, está a ser desenvolvida uma técnica menos invasiva que utiliza a saliva como amostra.
____________________________________
Avaliação do Polígrafo:
|