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| - “As alterações climáticas são um embuste. A evidência é evidente”, afirma uma publicação partilhada no Facebook, no dia 30 de novembro. O post é composto por duas imagens da Estátua da Liberdade: uma de 1920 e outra de 2020. Por cima das imagens, lê-se: “Isto é o que parece realmente uma subida catastrófica do nível do mar”.
O Polígrafo encontrou, através de uma pesquisa feita através da ferramenta Tineye, a primeira fotografia, a preto e branco, tirada em 1917 pelo fotógrafo W. L. Drummond. Quanto à outra fotografia não há certezas, uma pesquisa semelhante levou a 758 resultados de imagens parecidas com a que vemos na publicação.
Será que as fotografias comprovam que o nível do mar não subiu?
Tal como já foi explicado pelo Polígrafo noutro fact-check, duas fotografias lado a lado não provam nada neste caso e é um facto que o nível global do mar tem vindo a subir ao longo do último século. “A subida do nível do mar é causada principalmente por dois fatores relacionados com o aquecimento global: a adição de água proveniente do derretimento das camadas de gelo e dos glaciares e a expansão da água do mar à medida que aquece”, aponta a NASA.
De acordo com Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), o nível médio global do mar subiu cerca de 21 a 24 centímetros desde 1880, sendo que cerca de um terço desse aumento ocorreu apenas nos últimos 25 anos. Em 2020, o nível médio global do mar foi 91,3 milímetros acima da média de 1993, o que a torna a média anual mais alta do registo de satélites (1993-presente).
Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero e professor na área de ambiente na Universidade Nova de Lisboa, disse anteriormente ao Polígrafo que não há qualquer relação entre a perceção pública e o fenómeno do aumento do nível médio da água do mar.
Como é que se mede essa subida do nível da água?
O presidente da Zero também esclareceu que “o aumento do nível do mar é avaliado através de instrumentos chamados marégrafos”. Ora, as medições do marégrafo produzidas pela Agência Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA) em The Battery, Nova Iorque, perto da Estátua da Liberdade, desde 1855 até hoje, mostram uma tendência de subida do nível do mar de cerca de 2,9 milímetros por ano.
“Ninguém chama à subida do nível do mar vivenciada até agora catastrófica, mas a subida global do nível do mar acelerou desde cerca de 1970 e continuará a acelerar até que as temperaturas globais se estabilizem. Mesmo sob um cenário muito otimista de emissões, esperamos mais subida do nível do mar no próximo século do que no último”.
“Esta quantidade é pequena em comparação com o intervalo de 5 ‘foot’ (aproximadamente 1,52m) entre a maré baixa e a maré alta, pelo que seria necessário tirar fotografias cuidadosamente cronometradas (no mesmo ponto do ciclo da maré, num dia em que as marés eram de escala comparável) para que houvesse uma diferença visual”, disse Robert Kopp, Professor do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade Rutgers, à Reuters.
“Ninguém chama à subida do nível do mar vivenciada até agora catastrófica, mas a subida global do nível do mar acelerou desde cerca de 1970 e continuará a acelerar até que as temperaturas globais se estabilizem. Mesmo sob um cenário muito otimista de emissões, esperamos mais subida do nível do mar no próximo século do que no último”, concluiu o especialista.
As projeções do nível do mar, produzidas em 2019 pelo Painel sobre Alterações Climáticas da Cidade de Nova Iorque (NPCC), para as próximas décadas estão disponíveis para consulta. Além disso, um estudo divulgado em maio de 2021 revelou que o Furacão Sandy – que atingiu a costa leste dos EUA em 2012 e custou mais de 60 mil milhões de dólares em prejuízos económicos relatados – foi atribuível a uma subida do nível do mar causada por alterações climáticas provocadas pela atividade humana.
A Ilha da Liberdade (Liberty Island) – conhecida por abrigar a Estátua da Liberdade – foi danificada pela subida do nível do mar e pelas inundações no passado, e está em risco de inundações futuras.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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