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  • “Não nos deixemos enganar, a verdade é que as mobilidades ativas e suaves são, com a mais que evidente emergência climática, a mais séria ameaça à indústria automóvel e, consequentemente, às petrolíferas. Estas indústrias conseguiram escapar durante quase um século às mais graves sequelas que provocaram à Humanidade, nada as deteve nem a mortandade evitável da insegurança rodoviária, nem a poluição atmosférica que nos trouxe às desgraças que estamos hoje a viver, tudo em nome de lucros astronómicos”, comenta-se num post de 17 de agosto no Facebook, exibindo o que parece ser a imagem de uma manchete de um jornal em língua inglesa: “Ciclistas poderão necessitar de placa de identificação e também de seguro, com ministro a ordenar revisão das leis de circulação na estrada” (tradução livre a partir do original). “Não é, pois, inocente que os lóbis destas indústrias se andem a mexer como baratas tontas por estes dias um pouco por todo o lado. Da intrigante mediatização dos perigos das trotinetas em Portugal à intenção do Governo britânico em obrigar as bicicletas a terem matrícula e os seus condutores seguro, o que isto revela é um imenso nervosismo com os impactos positivos que as mobilidades suaves estão a causar nas cidades”, acrescenta-se no texto. “Quem ande pela cidade de Lisboa sabe que há mais caixotes do lixo deixados todo o dia nos passeios que trotinetas mal-estacionadas, para não falar nos passeios minúsculos, em calçadas mal mantidas, no mobiliário urbano colocado sem critério, ou na legalização do estacionamento abusivo. Mas a hipocrisia sempre funcionou muito bem quando aliada ao populismo“, conclui-se. Respondendo às dúvidas endereçadas por leitores, o Polígrafo confirma que a notícia (destacada na imagem) é verdadeira. Trata-se de uma manchete de 16 de agosto de 2022 do jornal britânico “Daily Mail” (pode consultar aqui). De acordo com o referido jornal, os ciclistas poderão ser obrigados a ter placas de identificação (ou números de registo, i.e., matrículas) nas bicicletas, além de seguro e de terem que cumprir limites de velocidade, no âmbito de uma “radical mudança das leis de circulação nas estradas”. Entre os ministros do Governo do Reino Unido “há uma crescente crença de que os ciclistas devem obedecer às mesmas restrições de velocidade e outras regras de circulação nas estradas do que os condutores de automóveis”, quando se assiste a um crescimento substancial do número de ciclistas. “Sobretudo em zonas com limite de 20 milhas [cerca de 32 quilómetros] por hora de velocidade, as quais estão a expandir-se por zonas residenciais em todo o país”, realça o jornal, exemplificando onde é que os ciclistas poderão ter de cumprir limites de velocidades. A confirmar-se, esta mudança levanta a possibilidade de os ciclistas serem sujeitos a penalizações de pontos na carta de condução ou multas por excesso de velocidade ou desrespeito por sinais vermelhos nos semáforos. As autoridades reconhecem que isto significa que os ciclistas vão necessitar de matrículas ou outra forma de marcação identificável, de forma a permitir a aplicação da lei. Por outro lado, informa o “Daily Mail”, o Governo do Reino Unido também está a ponderar introduzir a obrigação de seguro para os ciclistas. Qualquer pessoa ferida por causa de um acidente com um ciclista poderá assim ter uma compensação assegurada, tal como acontece com os automobilistas. Sem seguro, no caso de ciclistas sem rendimentos ou com poucos recursos, as indemnizações dificilmente acabam por ser pagas.
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