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  • Em vídeo que circula nas redes sociais (veja aqui), o youtuber Gustavo Gayer interpreta de maneira distorcida duas declarações de Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e leva a crer que o magistrado já foi favorável ao voto impresso e agora é contrário. Isso não é verdade. Apesar de ter elogiado em 2017 um protótipo de urna com impressão do voto, Barroso disse no mesmo evento que a medida era um retrocesso. Já na declaração "nós vamos judicializar o resultado das eleições" se houver voto impresso, dada à rádio CBN em maio deste ano, o ministro se referia às candidaturas, não a si próprio, como alegou o youtuber. O vídeo reunia centenas de compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (13) e foi sinalizado como desinformação na ferramenta de verificação da rede (saiba como funciona). Como vocês sabem, a posição do Barroso é bem clara. Se tiver voto impresso, "nós vamos judicializar o resultado das eleições", diz Barroso. Ou seja, se tiver voto impresso, eu não vou aceitar o resultado... Esta declaração do ministro Luís Roberto Barroso destacada no vídeo de Gustavo Gayer está fora de contexto. Ele não se referia a si mesmo quando, em entrevista à rádio CBN em 21 de maio deste ano, disse que "nós vamos judicializar o resultado das eleições" se o voto impresso for adotado. A menção era às candidaturas que poderiam se sentir prejudicadas. “Imagina que um percentual pequeno, uma fração desse número [de candidatos] peça na Justiça recontagem dos votos. Vai contratar os melhores advogados eleitoralistas do Brasil para encontrar uma inconsistência, uma incongruência, cavar uma nulidade… nós vamos judicializar o resultado das eleições. Num país em que judicializa tudo, nós não precisamos disso, nós queremos que o poder emane das urnas, não do juízo”, disse Barroso. Veja ali [no vídeo], em 2017, quatro anos, nós temos ministros defendendo [o voto impresso], dizendo que seria bom, que viria somar ao sistema de apuração, o próprio Barroso dizendo isso. O que mudou de lá pra cá? É verdade que, no vídeo de 2017 apresentado por Gayer, Barroso elogia a aparência de um protótipo da urna eletrônica com impressora e diz que ela iria se integrar “a esse sistema extraordinário de apuração eleitoral que nós temos no Brasil”. A declaração, entretanto, não pode ser interpretada como uma defesa do voto impresso, como faz o youtuber. Na realidade, no mesmo evento em que a urna foi apresentada, o ministro disse que a medida representava um retrocesso, como noticiou na época o site do TSE. A impressão do voto dado na urna eletrônica constava na minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso em 2015. A medida, entretanto, foi derrubada pelo STF em 2018. No julgamento, a maioria dos ministros concordou com a argumentação da PGR (Procuradoria Geral da República) de que haveria risco ao sigilo do voto. Os dois vídeos do TSE mostrados por Gayer, o que contém a declaração de Barroso e outro com uma animação que explica o funcionamento da nova urna, foram gravados neste intervalo em que a norma esteve em vigor e que a Justiça Eleitoral teve que agir para cumprir o determinado pela lei. O tribunal disse ao Aos Fatos que o desenho animado foi tirado do ar após a derrubada da regra pelo STF para não causar confusão. O Aos Fatos entrou em contato com o youtuber Gustavo Gayer, que publicou o vídeo original, para que pudesse comentar sobre a checagem, mas não houve retorno.
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