schema:text
| - O Louvre, em Paris, está no limite. “Vítima” do próprio sucesso, o museu tem filas intermináveis, infiltrações, más condições de trabalho. Para garantir que aquele que é considerado um dos museus mais populares do mundo continua a atrair o maior número de pessoas — recebeu 8,7 milhões de visitantes em 2024 —, o Presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu que será “redesenhado, restaurado e ampliado.”
Feito o anúncio, em pleno Louvre e com o quadro de Mona Lisa atrás, Macron assumiu que pretende fazer do museu o “epicentro da história da arte” para França “e não só”. Logo começaram a surgir rumores sobre o preço que exigiria um esforço destes e que fundos seriam utilizados. Nas redes sociais, como o Facebook, Instagram e X, muitos utilizadores alegaram que as obras serão à custa da venda da obra de arte mais preciosa: a própria Mona Lisa.
“Emmanuel Macron anuncia que o Louvre vai vender a Mona Lisa para financiar as obras de renovação do museu”, lê-se em várias publicações. Foi o suficiente para se gerar revolta entre internautas, e não só os franceses. “Esse idiota é capaz de vender a Mona Lisa?”, critica uma utilizadora do Instagram. “Até que ponto ele vai desperdiçar a herança que pertence aos franceses?”, questiona-se outra. Mas será verdade?
É certo que, para já, o líder francês não avançou muitos detalhes sobre o financiamento da reforma, que, segundo o Le Parisien, poderá custar entre os 700 a 800 milhões de euros ao longo dos próximos dez anos. Macron descreveu num empreendimento “realista” e que “será financiado pelos recursos próprios do museu, sem sobrecarregar os contribuintes”. Apenas uma “muito pequena parte” da renovação será financiada pelo Estado, garantiu o seu gabinete.
Os rumores sobre a venda da Mona Lisa parecem ter origem na conta francesa “Pediavenir”, quer no Facebook quer no X. “Desinformação em tempo real”, “Média de paródia”, lê-se na descrição da conta. Em janeiro deste ano, a marca passou também a ter um site, onde refere que o “único objetivo é entreter e fazer as pessoas pensarem sobre o absurdo” dos seus artigos. “O nosso conteúdo é fictício e não deve, em momento algum, ser levado a sério”, avisam.
De notar ainda que a lei francesa proíbe a venda de objetos de museus públicos. “Os bens que constituem as coleções de museus franceses pertencentes a uma pessoa pública são parte de seu domínio público e são, como tal, inalienáveis”, lê-se no artigo L. 451-5 do Código do Patrimônio Francês. O mesmo documento refere que a lei de museus de 2002 “introduziu a possibilidade de desclassificar um item pertencente às coleções dos museus franceses, mas que essa opção é excluída para objetos doados ou adquiridos com assistência financeira do Estado.”
Se a Mona Lisa não vai ser vendida, o que é certo é que vai mudar de espaço e passar a ter a sua própria sala dedicada debaixo do Cour Carrée, um dos principais pátios do antigo palácio.
Conclusão
Não é verdade que o Presidente francês tenha anunciado a venda da Mona Lisa para pagar as renovações do Louvre. Emmanuel Macron disse apenas que o museu será “redesenhado, restaurado e ampliado.” Além disso, foi revelado que o quadro de Leonardo Da Vinci passará a ter uma sala própria num dos principais pátios do antigo palácio.
Os rumores de que o quadro seria vendido parecem ter origem numa conta nas redes sociais chamada Pediavenir, que se assume como uma página de “desinformação em tempo real.”
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
|